Rádio africana suspensa por "comentário malicioso" contra autoridades

A Rádio Ómega, uma das mais ouvidas no Burkina Faso, um país na África Ocidental, foi hoje suspensa por três meses por ter descrito num artigo as autoridades militares que emergiram de um golpe de Estado como "uma junta".

Explosão Burkina Faso

©  Lassana Bary/Twitter

Lusa
02/08/2025 12:42 ‧ há 3 horas por Lusa

Mundo

Burkina Faso

"A licença de emissão da Rádio Ómega (...) está suspensa por um período de três meses. Durante esse período, a Rádio Ómega está proibida de transmitir programas nas suas ondas e de publicar nos seus meios de comunicação, incluindo no seu portal de internet e redes digitais", anunciou hoje o Conselho Superior de Comunicação (CSC).

 

A autoridade reguladora dos 'media' do Burkina Faso afirmou ter "observado, a 30 de julho, violações" numa reportagem publicada na página de Facebook da rádio, contendo "comentários maliciosos e descorteses contra as autoridades burquinenses".

O artigo em causa referia uma manifestação em Uagadugu, a capital, para homenagear um influenciador burquinense (que morreu detido em Abidjan, uma cidade na Costa do Marfim). No artigo, a rádio escreveu que "a Costa do Marfim é regularmente acusada pela junta burquinense de abrigar opositores e fomentar conspirações".

"A expressão 'junta burquinense', além de ser inadequada para se referir às autoridades burquinenses, é pejorativa e insultuosa por natureza, sugerindo desprezo pelas mesmas", argumentou o CSC, considerando que a expressão "ofende gravemente as autoridades" do país.

Na quarta-feira, a rádio, subsidiária do grupo Ómega e propriedade do jornalista e antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Alpha Barry, pediu desculpa aos leitores, removendo as alegadas "expressões inapropriadas".

O CSC, que continua a exigir um "pedido de desculpas público", afirmou que "a Rádio Ómega demonstra a sua persistente falta de rigor no tratamento da informação, apesar de uma notificação formal [anterior]".

Rádio já tinha sido suspensa em 2023

Em agosto de 2023, a rádio foi suspensa durante um mês após a transmissão de uma entrevista "repleta de comentários insultuosos contra as novas autoridades nigerinas" ao porta-voz de um movimento que procurava a reintegração do Presidente Mohamed Bazoum, deposto por um golpe.

Desde que Ibrahim Traoré assumiu o poder, em setembro de 2022, na sequência de um golpe de Estado que derrubou o então Presidente, Paul-Henri Sandaogo Damiba, vários órgãos de comunicação social foram suspensos no Burkina Faso, incluindo os franceses LCI, RFI e France 24.

Os correspondentes dos jornais franceses Libération e Le Monde foram expulsos, enquanto alguns jornalistas locais foram forçados ao exílio e outros foram recrutados à força para combater grupos extremistas islâmicos que têm atacado o país nos últimos 10 anos.

Leia Também: Barco insuflável com 62 migrantes resgatado ao largo das Canárias

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