"Há falta de boa-fé e sinceridade por parte do Camboja", disse hoje, numa conferência de imprensa em Banguecoque, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros tailandês, Nikorndej Balankura.
No passado dia 28 de julho, os governos de Banguecoque e Phnom Penh acordaram um cessar-fogo após confrontos que, desde 24 de julho e durante cinco dias, causaram pelo menos 44 mortos em vários pontos da fronteira de quase 820 quilómetros entre os dois países.
O porta-voz da diplomacia tailandesa denunciou hoje uma série de incidentes em diferentes zonas da fronteira do seu país com o Camboja nos últimos dias, o mais recente deles na terça-feira, quando, segundo o Exército tailandês, um militar ficou ferido ao explodir uma mina terrestre perto do templo Ta Muen Thom, área reivindicada pelos dois países.
O militar sofreu "ferimentos graves no tornozelo esquerdo", segundo as forças armadas, que admitiram exercer o direito de "legítima defesa".
O incidente soma-se à denúncia de Banguecoque de outros dois soldados feridos no sábado por explosões do mesmo tipo de artefactos noutra zona da fronteira, no meio da frágil trégua entre os dois países após confrontos em julho.
"Condenamos o uso de minas antipessoais, é uma violação das normas internacionais", disse o porta-voz tailandês, que acrescentou que "as ações do Camboja não estão de acordo com o compromisso" alcançado para o cessar-fogo.
"A Tailândia espera que a questão da remoção de minas seja tratada com urgência", acrescentou, afirmando que o seu Governo enviou cartas de protesto aos seus homólogos cambojanos.
O Governo do Camboja divulgou na terça-feira um comunicado em que rejeita as acusações "infundadas" da Tailândia sobre o incidente e sublinha que "não utilizará nem plantará novas minas".
"O Camboja é um membro orgulhoso da Convenção para a Proibição de Minas Antipessoal, que ratificou em 1999, e os nossos esforços de desminagem têm sido reconhecidos dentro e fora do país", afirmou o Ministério da Defesa.
O Camboja é uma das nações mais afetadas por minas terrestres no mundo, e acredita-se que até seis milhões tenham sido colocadas durante os conflitos armados que assolaram o país entre 1975 e 1998, das quais centenas de milhares ainda não foram localizadas.
Banguecoque e Phnom Penh, cuja fronteira foi cartografada pela França em 1907, quando o Camboja era sua colónia, arrastam uma disputa territorial que se intensificou em maio, com a morte de um soldado cambojano num confronto entre os dois exércitos numa zona reivindicada por ambas as partes.
O porta-voz tailandês afirmou hoje que Banguecoque "continua comprometida com o cessar-fogo".
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