Presidente libanês adverte Irão por "interferência nos assuntos internos"

O Presidente do Líbano, Joseph Aoun, condenou hoje "qualquer interferência" nos assuntos internos do país, na receção a um alto dirigente iraniano, após as críticas de Teerão à decisão de desarmamento do grupo xiita libanês Hezbollah.

 presidente libanês, Joseph Aoun, Líbano,

© Houssam Shbaro/Anadolu via Getty Images

Lusa
13/08/2025 16:37 ‧ há 3 horas por Lusa

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Médio Oriente

"Rejeitamos qualquer interferência nos nossos assuntos internos, independentemente da sua origem", declarou Aoun ao receber o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irão, Ali Larijani.

 

Segundo um comunicado presidencial, o líder libanês salientou que "é proibido a qualquer pessoa, sem exceção, transportar armas e reivindicar o apoio de uma potência estrangeira", em alusão à relação entre Teerão e o Hezbollah.

"O Estado libanês e as suas forças armadas são responsáveis pela segurança de todos os libaneses, sem exceção", afirmou Aoun, que rebateu também as críticas, tanto do Hezbollah como do Irão, de que o desarmamento do movimento político é um erro perante a ameaça de Israel.

A este respeito, o chefe de Estado e antigo comandante das forças armadas observou que "qualquer ameaça, seja do inimigo israelita ou de qualquer outro, diz respeito a todo o povo libanês e não apenas a um dos lados", mais uma vez referindo-se ao Hezbollah.

Na semana passada, o Governo libanês encarregou o Exército de preparar um plano para desarmar o Hezbollah até ao final do ano, sob pressão dos Estados Unidos e entre receios de uma nova ofensiva israelita.

O movimento xiita libanês, a única fação libanesa autorizada a manter as suas armas após a Guerra Civil Libanesa (1975-1990) e que esteve em conflito aberto com Israel ao longo do ano passado, acusou o Governo de cometer um "pecado grave" e declarou que iria ignorar esta decisão.

No sábado, o Irão, através de Ali Akbar Velayati, conselheiro do líder supremo, Ali Khamenei, declarou a sua oposição ao desarmamento do Hezbollah, tendo Beirute condenado de imediato a "interferência flagrante" de Teerão.

Logo após a decisão do Conselho de Ministros libanês, tomada na passada quarta-feira, a diplomacia de Beirute já tinha acusado o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi, de "ingerência inaceitável", no seguimento de declarações em que prevê o fracasso do desarmamento do Hezbollah.

"Este tipo de declarações prejudica a soberania, a unidade e a estabilidade do Líbano e constitui uma interferência inaceitável nos seus assuntos internos", criticou.

À chegada ao aeroporto de Beirute, Ali Larijani foi recebido por uma delegação do Hezbollah e do seu aliado, o movimento Amal, e reafirmou o apoio do Irão ao "povo libanês em todas as circunstâncias".

Dezenas de apoiantes do Hezbollah reuniram-se para saudar o dirigente iraniano durante a passagem da sua caravana em Beirute.

Ali Larijani tem também um encontro marcado com o primeiro-ministro, Nawaf Salam.

À noite, segundo o Hezbollah, deverá prestar homenagem junto da campa do antigo líder do movimento, Hassan Nasrallah, morto em 27 de setembro de 2024 num bombardeamento israelita nos subúrbios sul da capital libanesa.

Teerão é considerado o principal patrocinador do Hezbollah, tendo alegadamente estado na origem da criação do grupo xiita, e de o financiar e equipar com armamento durante décadas.

A par do Hamas na Palestina e dos Huthis do Iémen, o Hezbollah constitui o chamado eixo da resistência apoiado por Teerão, e que se envolveu em hostilidades militares com Israel, logo após o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023.

Após quase um ano de troca de tiros ao longo da fronteira israelo-libanesa, Israel lançou uma forte campanha aérea no verão do ano passado, que decapitou a liderança do movimento xiita, incluindo o seu líder histórico, Hassan Nasrallah, e vários outros altos membros da sua hierarquia política e militar.

Desde o cessar-fogo em vigor desde novembro com Israel que o Estado libanês tem procurado concentrar todo o armamento do país nas mãos das forças de segurança oficiais, mas até agora estava a favorecer entregas voluntárias de armas por receio de uma escalada interna.

Israel continua no entanto a visar posições e alvos alegadamente do Hezbollah e ameaça voltar a intensificar as suas operações militares caso o movimento não se desarme.

Leia Também: Seis soldados libaneses mortos ao remover explosivos do Hezbollah

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