Na véspera da entrega do documento, os negociadores "estão à beira do abismo", disse um delegado citado pela Agência France Presse (AFP).
Na fase final das negociações, dezenas de ministros chegaram a Genebra para tentar desbloquear o processo que tem sido conduzido por diplomatas, mas as negociações, que colocam grandes blocos de países uns contra os outros num clima tenso, são "muito difíceis", disse o ministro do Ambiente dinamarquês, Magnus Heunicke.
Uma nova versão do texto do tratado, na qual os delegados têm vindo a trabalhar há nove dias, simplificada pelo presidente das discussões, é esperada para o final do dia, disseram várias fontes à AFP, e uma reunião plenária para rever a situação foi marcada para as 19:00.
O debate opõe um grupo de países produtores de petróleo - que não querem qualquer restrição à produção de plásticos derivados do petróleo nem proibição de moléculas consideradas prejudiciais para o ambiente ou para a saúde a nível global - a um grupo de países "ambiciosos", que querem essas restrições.
"Os negociadores estão à beira do abismo", disse Pamela Miller, copresidente da organização não-governamental IPEN (Rede Internacional para a Eliminação de Poluentes).
"O tratado do plástico é petróleo 'versus' a nossa saúde. Os governos em Genebra devem declarar de que lado estão", disse a ativista, citada pela AFP.
Eirik Lindebjerg, da organização ambientalista WWF, teme "compromissos" e um "mau acordo" de última hora, embora a WWF afirme ter identificado "mais de 150 países a favor da proibição de certos plásticos perigosos e produtos tóxicos" e 136 que desejam que o texto seja reforçado no futuro.
Graham Forbes, chefe da delegação da organização ambientalista Greenpeace, defendeu hoje que os ministros devem rejeitar um "tratado fraco".
As delegações de mais de 180 países estão reunidas em Genebra, Suíça, deste o passado dia 05 e na quinta-feira deviam ter pronto um acordo global vinculativo para travar a produção de plásticos e proteger a saúde humana e o ambiente.
As negociações começaram com um impasse entre o acordo ficar limitado à gestão de resíduos plásticos ou vir a adotar metas concretas e obrigatórias de redução da sua produção até 2040. Na véspera do fim da reunião o impasse mantém-se.
Segundo a ONU, 17 milhões de barris de petróleo são usados para a produção de plástico todos os anos.
Por ano, são usados 500 mil milhões de sacos de plástico enquanto, por minuto, um milhão de garrafas de plástico são compradas.
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