"Com a escassez de água disponível, aumenta a desidratação", avisou a Agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), relatando que, entre bombardeamentos, deslocações forçadas e a falta de eletricidade e combustível, "não há alívio para o calor extremo" no enclave.
Às condições extremas soma-se o facto de, segundo o Departamento Meteorológico Palestiniano (PMD, na sigla em inglês), as temperaturas estarem entre oito e nove graus acima da média anual, o que representa um risco especial para pessoas com doenças respiratórias ou alergias ao pó.
A onda de calor deverá manter-se hoje, antes de uma ligeira descida a partir de sexta-feira, embora os valores "continuem entre quatro e cinco graus acima do habitual para a época", previu o PMD.
De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), mais de 88% do enclave palestiniano está sujeito a ordens de deslocação forçada ou transformado em área militarizada pelo Exército israelita.
A cidade de Rafah, no sul, foi designada por Israel como destino das evacuações decretadas até 06 de maio de 2024, quando uma operação militar forçou o deslocamento das 1,4 milhões de pessoas que ali se refugiavam (numa população total de 2,1 milhões) para a zona costeira de Mawasi e outros pontos de Gaza.
Na sobrelotada Mawasi encontram-se cerca de 425.000 pessoas em tendas, sem eletricidade nem água potável, segundo o OCHA.
A ofensiva israelita em Gaza começou depois dos ataques do Hamas, no poder no enclave desde 2007, em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e perto de 250 foram feitas reféns.
Desde então, a operação militar israelita causou já mais de 61 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas, perante acusações de genocídio por vários países e organizações.
A ONU tem alertado para uma situação de fome generalizada no enclave, onde Israel bloqueou a entrada de ajuda humanitária desde há meses e que retomou recentemente, apesar de a União Europeia (UE) e organizações humanitárias reclamarem que a quantidade é insuficiente para suprir as necessidades da população de mais de dois milhões de pessoas.
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