Cerca de 2,2 milhões de afegãs continuam privadas do acesso à educação

Cerca de 2,2 milhões de mulheres afegãs continuam privadas do acesso à educação, uma exclusão social das mulheres que custará ao Afeganistão aproximadamente 790 milhões de euros, anunciou hoje a UNESCO.

Talibãs impõem restrições a mulheres solteiras e não-acompanhadas

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Lusa
14/08/2025 21:50 ‧ há 1 hora por Lusa

Mundo

UNESCO

"Quase 2,2 milhões delas (mulheres afegãs) estão privadas de educação para além do ensino primário", disse a diretora-geral da organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Audrey Azoulay, numa declaração escrita.

 

As declarações foram feitas a propósito do 4.º aniversário da tomada do poder pelos talibãs, em 2021, que se assinala na sexta-feira, marcado por mais medidas discriminatórias contra as mulheres em todas as áreas, desde a educação à saúde.

A diretora da UNESCO pediu que as mulheres afegãs não sejam abandonadas, depois de a Organização das Nações Unidas Mulheres ter assinalado hoje que a exclusão social e económica das mulheres custará ao país aproximadamente 920 milhões de dólares (790 milhões de euros) entre 2024 e 2026.

"A exclusão prejudica as mulheres, as suas famílias, as comunidades e o país como um todo", confirmou a representante especial da ONU Mulheres no Afeganistão, Susan Ferguson, numa vídeoconferência de imprensa na capital do país, Cabul.

Segundo o investigador do Laboratório de Políticas Inclusivas da UNESCO Kyle Ferguson, a "lei da moralidade", promulgada pelos talibãs em 2024, que obriga as mulheres a usar véu e proíbe que as suas vozes sejam ouvidas em público, traduziu-se no desaparecimento sistemático de mulheres da vida pública.

Kyle Ferguson insistiu que os familiares, a comunidade e até algumas empresas já controlam o comportamento das mulheres, impulsionados pela pressão social e pelos 'media', ou por receio de retaliações.

A UNESCO apelou hoje à comunidade internacional para que se mantenha empenhada na restauração do direito das mulheres à educação no Afeganistão.

"Numa altura em que alguns procuram normalizar as relações com os talibãs, apelo à comunidade internacional para que se mantenha mais mobilizada do que nunca para a restauração plena e incondicional do direito das mulheres afegãs à educação. Até que chegue o dia em que possam regressar às salas de aula, não as abandonemos", instou Audrey Azoulay.

De acordo com a diretora, o Afeganistão é o único país do mundo onde o ensino secundário e superior é estritamente proibido a raparigas e mulheres".

Desde que Audrey Azoulay ocupou o cargo em 2017, os talibãs promulgaram mais de 70 decretos que violam os direitos das raparigas e das mulheres, especialmente o direito à educação.

Audrey Azoulay alertou ainda para retrocessos noutras áreas, como o silenciamento progressivo de jornalistas afegãs, sendo que 80% perdeu o emprego desde 2021.

"Esta exclusão sistemática das mulheres da vida pública no Afeganistão tem consequências devastadoras para o desenvolvimento a longo prazo do país, onde metade da população já vive abaixo do limiar da pobreza", enfatizou a diretora da UNESCO.

Audrey Azoulay indicou que, entre 2001 e 2021, graças à ação da comunidade internacional coordenada pela UNESCO, o número de estudantes no Afeganistão aumentou dez vezes, sendo que em 2001 "praticamente não havia raparigas na escola" e vinte anos depois a taxa de escolarização das raparigas em idade escolar primária ultrapassou os 80%

A taxa de alfabetização passou de 17% para quase 30% e a UNESCO contribuiu com mais de 1.000 facilitadores de comunidades locais, que foram formados para dar aulas de alfabetização a 57.000 jovens, na sua grande maioria raparigas.

A diretora destacou que "desde que chegaram ao poder, os talibãs têm procurado sistematicamente aniquilar todas estas conquistas".

Leia Também: Pequim critica saída dos EUA da UNESCO, indigna de "um país responsável"

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