Ábrego García só pode ser deportado dos EUA depois de quarta-feira

O cidadão salvadorenho Kilmar Abrego García só pode ser deportado dos Estados Unidos depois de quarta-feira, após o tribunal do Distrito de Maryland ter hoje ordenado a suspensão administrativa da deportação por pelo menos dois dias.

Kilmar Abrego

© Anna Moneymaker/Getty Images

Lusa
25/08/2025 21:19 ‧ há 2 horas por Lusa

Mundo

EUA

As autoridades norte-americanas voltaram a deter hoje Kilmar Ábrego García, imigrante de El Salvador residente nos Estados Unidos e casado com uma cidadã norte-americana, que se tornou símbolo da política migratória do Presidente norte-americano, Donald Trump, por ter sido injustamente expulso e devolvido aos Estados Unidos após vários meses de batalha judicial.

 

Enquanto o processo interposto pelos seus advogados após a sua nova detenção por agentes do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) está a ser analisado, Ábrego deverá permanecer nos Estados Unidos, explicou o advogado de imigração Simon Sandoval-Moshenberg, que integra a sua equipa jurídica, numa conferência de imprensa da organização social CASA.

Sandoval-Moshenberg, explicou que, embora já fosse esperado, o salvadorenho foi detido quando se apresentou nos serviços do ICE em Baltimore, no estado de Maryland, onde reside, para uma alegada entrevista que nunca chegou a acontecer.

"A notificação que recebeu, a informar que deveria comparecer esta manhã a uma entrevista, era claramente falsa. Perguntámos ao agente do ICE o motivo da detenção. Recusou-se a responder. Perguntámos ao agente do ICE para onde vão levá-lo, e eles recusaram-se a responder", disse o advogado.

A detenção ocorreu três dias depois de Ábrego García ter sido libertado de uma prisão no estado do Tennessee, enquanto aguarda julgamento por acusações federais de tráfico humano e um processo de deportação, dado não representar uma ameaça para a comunidade nem existir risco de fuga.

No sábado, a defesa de Ábrego García explicou num comunicado que o Governo norte-americano estava a ameaçar deportá-lo para o Uganda para obter uma admissão de culpa, a fim de garantir um acordo judicial que lhe permitisse ser, em vez disso, deportado para a Costa Rica.

No fim de semana, o cidadão salvadorenho entregou às autoridades norte-americanas dois documentos: um designando a Costa Rica como um país "aceitável" para ser deportado e outro indicando "medo de ser transferido para o Uganda", por não ter garantias sobre a sua situação uma vez no país.

"Deportá-lo para a Costa Rica não é justiça. É uma opção aceitavelmente menos má. Mas insistir em realizar a deportação para o Uganda demonstra que o verdadeiro motivo, neste caso, não é simplesmente removê-lo do país, mas puni-lo e mantê-lo detido", afirmou Sandoval-Moshenberg.

O advogado acrescentou que Ábrego García recebeu garantias de que será um cidadão livre na Costa Rica e terá proteção como refugiado, para não ser deportado para El Salvador, o seu país de origem, onde enfrenta o risco de perseguição e violência por parte dos gangues do país, razão pela qual um juiz proibiu a sua deportação em 2019.

O mesmo não acontecerá caso seja deportado para o Uganda, cujo Governo anunciou no início desta semana ter alcançado um acordo com o Governo Trump para aceitar deportados de países terceiros procedentes dos Estados Unidos.

Após a detenção desta manhã, os advogados de Kilmar Ábrego García apresentaram uma ação judicial num tribunal de Maryland e é a juíza Paula Xinis, que já trabalhou no caso, que está novamente a supervisioná-lo, devendo a defesa ainda hoje ter com a magistrada uma audiência inicial.

Em março deste ano, Ábrego García foi deportado para El Salvador sem julgamento, juntamente com mais de 250 homens, a maioria por alegada pertença a um gangue venezuelano.

O Governo Trump reconheceu posteriormente um "erro administrativo" em relação a este residente no estado de Maryland e o cidadão salvadorenho acabou por ser transportado de volta aos Estados Unidos em junho.

Mas o Governo Trump imediatamente iniciou um processo contra ele no Tennessee (sul), mantendo-o detido por ajudar migrantes a permanecer ilegalmente no país.

Os Estados Unidos acusam Ábrego García de ser membro do gangue salvadorenho MS-13, classificado como "organização terrorista" pelo novo Governo norte-americano.

Leia Também: Trump quer pena de prisão para quem queimar bandeira dos EUA

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas