Nos restantes casos, o desfecho foi a morte fetal (1,3%) ou o aborto espontâneo (1,1%), refere o "Registo Nacional de Anomalias Congénitas [RENAC]: Regiões 2011-2019", do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).
Neste período, foram notificados ao RENAC 11.931 casos de anomalias congénitas (AC), o que resulta numa prevalência de 151,6 casos por 10.000 nascimentos.
Tanto a nível nacional como nas diferentes regiões geográficas, o sexo masculino foi o mais frequente nos casos notificados.
Os dados apontam um aumento a nível nacional da percentagem de casos com anomalias congénitas detetadas na fase pré-natal, passando de 51,4% em 2011 para 62,9% em 2019.
As cardiopatias congénitas mantêm-se como o grupo de AC mais prevalente, tanto a nível nacional, como em todas as regiões NUTS II: Norte, Centro, Área Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve, Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira.
A nível nacional, 58,6% dos casos notificados com AC foram detetados durante a gravidez, variando esta frequência entre 71,1% no Norte e 34,6% na Madeira.
O segundo grupo mais prevalente a nível nacional e nas regiões Centro, Alentejo, Algarve e Açores foram as AC do sistema musculoesquelético, enquanto nas regiões Norte, AML e Madeira foram as cromossómicas.
Com exceção da Madeira, em que a maior percentagem de nascimentos com AC foi identificada ao nascer (46,9%), tanto a nível nacional como nas restantes regiões, os nascimentos com anomalias congénitas foram identificados durante a gravidez, variando entre 41,6 % (Alentejo) e 71,1% (Norte).
O relatório realça que a distribuição da prevalência das AC por grandes grupos da CID 10 (Classificação Internacional de Doenças e causas de morte) observada a nível nacional, é semelhante à observada a nível europeu, "o que sugere que apesar da aparente subnotificação esse erro afetará sistematicamente todos os grandes grupos".
Os dados revelam também que, tanto a nível nacional, como em todas as regiões, é nas mulheres com 40 ou mais anos que se observa a maior prevalência de nascimentos com anomalias congénitas.
Porém, no Centro observa-se também uma prevalência elevada de nascimentos com AC em grávidas com idade igual ou inferior aos 19 anos, comparativamente às prevalências observadas neste intervalo etário nas restantes regiões.
Relativamente às características sociodemográficas maternas, os dados apontam que foi observado na Área Metropolitana de Lisboa (23,3%) e na Região Algarve (21,3%) a maior percentagem de grávidas estrangeiras a ter um nascimento com AC.
Nas restantes regiões, a frequência variou entre 1,5% (Açores) e 7% (Alentejo).
O consumo de tabaco durante o primeiro trimestre da gravidez foi reportado, mais frequentemente, pelas grávidas da Região Alentejo (14,1%), seguido da Madeira (13,5%) e do Algarve (13,2%). Nas restantes regiões os consumos variaram entre os 0,8% (Madeira) e os 10,1% (AML).
Relativamente ao consumo de drogas no primeiro trimestre da gravidez, foi reportado mais frequentemente por grávidas da Madeira (2,3%) variando nas restantes regiões entre 0,3% (Norte e Açores) e 0,8% (Algarve).
Quanto à idade paterna durante a gravidez, a maioria dos pais tinha entre os 35 e os 54 anos. Contudo, no Alentejo (49,3%) e Algarve (46,3%), a maioria era mais jovem (25-34 anos) na altura do nascimento.
O RENAC, com dados disponíveis desde 1997, é um registo nosológico de base populacional que recebe notificações da ocorrência de AC, sendo reportados os casos diagnosticados nos recém-nascidos, fetos-mortos e nos fetos submetidos a interrupção médica da gravidez, após o diagnóstico de malformação grave.
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