O ministro dos Negócios Estrangeiros considera que o anúncio do presidente francês, sobre o reconhecimento do estado da Palestina em setembro “não é uma novidade”.
Em declarações aos jornalistas esta sexta-feira, Paulo Rangel diz que “já é a terceira vez nos últimos meses que o presidente Macron diz que vai reconhecer”.
“Inicialmente era para ser a 19 de junho, mas depois meteram-se os ataques do Irão e isso não teve lugar. Portanto, não é uma novidade sobe esse ponto de vista”, acrescenta.
Rangel defendeu ainda que “Portugal sempre esteve aberto e estará a esse reconhecimento” do estado da Palestina. Mas realça que “Portugal é um estado soberano e que, portanto, a sua política não é definida por outros estados”.
O reconhecimento da Palestina tem de cumprir certas condições
Lembrando que Portugal estará presente na conferência sobre a solução de ter dois Estados soberanos e reconhecidos na região que está atualmente em guerra, que se irá realizar em Nova Iorque, Estados Unidos, de 28 a 30 de julho, organizada pela França e pela Arábia Saudita, o ministro sublinhou que "esta conferência vai ser agora muito importante".
O primeiro-ministro, disse Rangel, "já indicou uma série de condições [para fazer o reconhecimento do Estado da Palestina] que são paralelas a condições que a França tinha definido e que a França considerou preenchidas".
"Portugal continua em contacto com os seus parceiros e a França é um deles, sem dúvida alguma", referiu.
O ministro, que falava à margem do "EurAfrican Forum", a decorrer hoje em Carcavelos, Cascais, lembrou que continua "a acompanhar este processo de forma muito próxima e sempre em diálogo com os seus parceiros", nomeadamente com a França, cujo Presidente garantiu um reconhecimento para breve à Palestina.
França vai reconhecer o estado da Palestina em setembro
Foi na rede social X, que Emmanuel Macron afirmou que “fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina. Farei o anúncio formal na Assembleia Geral das Nações Unidas em setembro próximo".
Macron reitera que é preciso “um cessar-fogo imediato”, a “libertação de todos os reféns” e “uma ajuda humanitária maciça ao povo de Gaza.” Para isso defende também uma desmilitarização do Hamas.
"Os franceses querem a paz no Médio Oriente. Cabe-nos a nós, os franceses, juntamente com os israelitas, os palestinianos e os nossos parceiros europeus e internacionais, demonstrar que isso é possível", adianta.
Fidèle à son engagement historique pour une paix juste et durable au Proche-Orient, j’ai décidé que la France reconnaîtra l’État de Palestine.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) July 24, 2025
J’en ferai l’annonce solennelle à l’Assemblée générale des Nations unies, au mois de septembre prochain.… pic.twitter.com/7yQLkqoFWC
O presidente francês diz já ter falado com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, sobre a sua “determinação em avançar”.
Israel acusa França de “instigar o terrorismo”
O vice-primeiro-ministro de Israel diz que a decisão do presidente francês é "uma mancha negra na história francesa e uma instigação direta ao terrorismo", acrescentando que se trata de uma “decisão vergonhosa.
Yarin Levin acrescentou ainda que é “tempo de aplicar a soberania israelita” na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967.
Hamas aplaude decisão francesa
Em comunicado, o grupo palestiniano considerou que é “um passo positivo na direção certa para fazer justiça ao nosso povo palestiniano oprimido e apoiar o seu legítimo direito à autodeterminação”.
O Hamas apelou ainda que “todos os países do mundo, especialmente as nações europeias e aquelas que ainda não reconheceram o estado da Palestina - a seguirem o exemplo de França”.
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