PGR contraria Moedas sobre Polícia Municipal. O que está em causa?

Um parecer da PGR confirmou que as polícias municipais têm competências "restritas" e, por isso, não podem fazer detenções, contrariando uma ordem do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, de setembro do ano passado.

Polícia Municipal, Lisboa,

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Notícias ao Minuto com Lusa
06/08/2025 08:50 ‧ ontem por Notícias ao Minuto com Lusa

País

Câmara de Lisboa

Um parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre as competências e atribuições das polícias municipais confirmou que estas não podem mesmo fazer detenções, contrariando a posição do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, que, em setembro do ano passado, deu ordens para que passassem a deter suspeitos de crimes na cidade.

 

O parecer foi solicitado pela anterior ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, em setembro de 2024 e é datado de 27 de março. Segundo a atual ministra, Maria Lúcia Amaral, o documento foi recebido no ministério a 4 de abril e homologado pelo Governo no passado dia 21 de julho. 

No entender do Conselho Consultivo da PGR, as polícias municipais têm competências "restritas" à cooperação na manutenção da tranquilidade pública e na proteção das comunidades locais e são como "serviços municipais", funcionando "na dependência do presidente da câmara municipal".

"Os agentes das polícias municipais [somente] podem deter suspeitos no caso de crime público ou semi-público punível com pena de prisão, em flagrante delito, cabendo-lhes proceder à elaboração do respetivo auto de notícia e detenção e à entrega do detido, de imediato, à autoridade judiciária, ou ao órgão de polícia criminal", lê-se no parecer.

Em reação ao parecer, Carlos Moedas defendeu "uma pequena mudança" na lei para permitir que a polícia possa deter suspeitos de crimes em flagrante delito. 

"É uma questão que tem de ser clarificada e, pelos vistos, não foi neste parecer, portanto tem de a lei ser mudada [...] eu peço ao Governo que mude a lei", afirmou o social-democrata Carlos Moedas à Lusa, considerando que está em causa "uma situação dramática e que diminui os polícias municipais, que não são polícias de segunda, porque eles são PSP alocados à polícia municipal".  

Em declarações aos jornalistas, Carlos Moedas defendeu que "os lisboetas hoje precisam de mais PSP" e "mais Polícia Municipal". 

"Não é uma questão de qual é o governo, é uma questão de defender os lisboetas. Os lisboetas hoje precisam de mais PSP, precisam de mais polícia municipal. Isso é óbvio. Eu sei que há candidatos que defendem o contrário, que defendem que não deveríamos ter estas competências, que, no fundo, não defendem a polícia", atirou.

Em paralelo, de acordo com o Diário de Notícias, a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI), informou ter "instaurado processo administrativo para a averiguação" de ações levadas a cabo recentemente pela Polícia Municipal que culminaram com a detenção de vendedores ambulantes.

"Essas averiguações são normais. Gostava era de continuar a motivar a Polícia Municipal no seu papel, não só administrativo e de fiscalização, mas também um papel que tem de ser de ajuda aos colegas da PSP", considerou Carlos Moedas à TSF.

Em contrapartida, os vereadores da oposição na Câmara de Lisboa, designadamente PS, PCP, Livre, BE e Cidadãos Por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), criticaram a posição de Carlos Moedas quanto ao reforço de competências da polícia municipal e defenderam que o parecer da PGR "não pode ser ignorado".

Oposição em Lisboa: Parecer da PGR sobre polícia

Oposição em Lisboa: Parecer da PGR sobre polícia "não pode ser ignorado”

Os vereadores da oposição na Câmara de Lisboa criticaram hoje a posição do presidente do executivo camarário, Carlos Moedas (PSD), quanto ao reforço de competências da polícia municipal e defenderam que o parecer da PGR "não pode ser ignorado".

Lusa | 18:55 - 05/08/2025

Governo demorou quatro meses a homologar parecer da PGR. Ministra defende-se: "MAI não ocultou qualquer documento"

O Ministério da Administração Interna (MAI) justificou a demora de quatro meses na homologação do parecer da PGR com o contexto das eleições legislativas antecipadas.

Em declarações à Lusa, o gabinete da ministra Maria Lúcia Amaral afirmou que "o MAI não ocultou qualquer documento" e explicou que o documento foi recebido "já na vigência de um Governo de gestão, na sequência da dissolução da Assembleia da República e da convocação de eleições antecipadas".

A ministra da Administração Interna decidiu, então, homologar o parecer do Conselho Consultivo da PGR no dia 21 de julho, "após uma análise cuidada", tendo este sido remetido à PGR no dia seguinte à homologação.

Polícia municipal? MAI 'culpa' eleições antecipadas por atraso de parecer

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O gabinete da ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, afirmou que "o MAI não ocultou qualquer documento".

Lusa | 21:41 - 05/08/2025

Leia Também: Polícia Municipal não pode mesmo fazer detenções. Moedas "incrédulo"

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