"Concluiu-se que o CODU não atendeu as chamadas de pedido de auxílio e não efetuou 'callback' [devolução de chamada perdida], o que atrasou o auxílio à vítima", lê-se num comunicado da IGAS sobre as conclusões do inquérito à morte de um idoso de 95 anos em Matosinhos, a 04 de novembro de 2024, quando decorria uma greve dos técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
"Não obstante, não é possível o estabelecimento de nexo de causalidade entre esse atraso e o desfecho fatal, tendo a peritagem médica referido que numa paragem cardíaca, em doentes com idade superior a noventa anos, a taxa de sobrevida é reduzida e o desfecho seria provavelmente semelhante mesmo em condições otimizadas", concluiu a IGAS.
O relatório do inquérito ao eventual atraso no atendimento pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) foi aprovado a 11 de agosto e remetido ao Conselho Diretivo do INEM, à Unidade Local de Saúde de Matosinhos, ao Ministério Público da comarca do Porto, e ao gabinete da ministra da Saúde, para conhecimento.
A 04 de novembro de 2024 coincidiram duas greves que agravaram os atrasos no atendimento por parte do INEM: a greve às horas extraordinárias dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (TEPH) e a paralisação da Função Pública.
Um relatório anterior da IGAS revelou que, neste dia, mais de metade das chamadas para o INEM foi abandonada, com apenas 2.510 das 7.326 chamadas atendidas.
Além do relatório relativo aos impactos das greves na capacidade de resposta dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), a IGAS autonomizou os relatórios relativos a 12 mortes.
Este é o 11.º caso já concluído e em dois deles os óbitos foram associados ao atraso no socorro.
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