"Infelizmente o país está num estado grave, num estado que nós consideramos mesmo de grande calamidade, o interior do país tem sido afetado por muitos incêndios e infelizmente ainda hoje faleceu mais uma pessoa quando ajudavam no combate a esses incêndios. São razões mais do que suficientes para o Governo ser escrutinado e para haver uma comissão permanente", afirmou Pedro Pinto.
O deputado do Chega falava aos jornalistas na Assembleia da República, no final de uma reunião da conferência de líderes que agendou para quarta-feira um debate com o primeiro-ministro sobre o combate aos incêndios. Os pedidos de marcação de uma comissão permanente extraordinária partiram de Chega e PCP.
"As comissões permanentes servem precisamente para isso, para prestar esclarecimentos ao país, para nós questionarmos o Governo daquilo que está a fazer, daquilo que está a falhar neste combate aos incêndios e, tem falhado muito neste combate aos incêndios", considerou, defendendo que o "Governo não pode fugir das suas responsabilidades".
Chega duvida que Governo dê os "esclarecimentos necessários"
Sobre a presença da ministra da Administração Interna, que o Chega também pediu, Pedro Pinto considerou que essa decisão caberá ao Governo e criticou a grelha acordada para o debate.
"O Governo irá abrir o debate e irá fechar o debate. Ou seja, não irá responder às perguntas durante o debate", criticou, antecipando que "poderá não haver os esclarecimentos" necessários.
Pedro Pinto assinalou também a mudança de posição do PS, nomeadamente o líder do partido ter-se manifestado contra, mas depois os socialistas terem votado a favor do debate, alegando a disponibilidade manifestada pelo primeiro-ministro para ir ao parlamento.
"Cabe questionar ao PS o que é que anda a fazer. Nós sabemos aquilo que fez ou que não fez nos últimos anos. Na proteção civil meteu um polvo, uma teia socialista a comandar a proteção civil em Portugal, afastou os bombeiros do comando dos incêndios e esqueceu-se do interior do país", criticou, acusando o PS de ser "cúmplice do que está a acontecer em Portugal", que classificou como terrorismo que "dura há anos, há décadas".
O líder parlamentar do Chega defendeu que esta reunião extraordinária da comissão premente da Assembleia da República "nem tinha que ter sido pedida" pelos partidos, nomeadamente Chega e PCP, defendendo que devia ter sido o presidente da Assembleia da República a convocá-la.
Iniciativa Liberal diz que há uma "completa desorganização" do Executivo
Também em declarações aos jornalistas no parlamento, a líder da IL, Mariana Leitão, considerou ser "muito importante" ouvir o primeiro-ministro no parlamento, acrescentando que a "forma como o Governo tem gerido toda esta calamidade não está, de forma alguma, à altura das circunstâncias".
Para a presidente dos liberais, tem havido, da parte do executivo, "completa desorganização, ausência de liderança e até um certo comportamento ou resposta errática por parte do primeiro-ministro às críticas que vão sendo feitas":
Mariana Leitão criticou ainda a ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, por não responder às questões dos jornalistas nas conferências de imprensa sobre os incêndios, considerando que a governante tinha esse dever e que é "grave" que não o tenha cumprido, mas ressalvando que não é "pertinente estar a exigir demissões".
"Mais do que palavras aquilo que as pessoas precisam neste momento é de alguma salvaguarda de que, por um lado, as coisas não vão piorar, porque nós continuamos com uma situação muito grave ainda ao dia de hoje, com tendência a continuar. O que as pessoas precisam é de garantir que isto não volta a acontecer com estas proporções", apelou ainda.
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