O líder parlamentar do PSD defendeu hoje que a imagem do Governo na gestão dos incêndios "não precisa de ser limpa" e garantiu que os sociais-democratas não têm qualquer arrependimento sobre a realização da Festa do Pontal.
Em declarações aos jornalistas após a conferência de líderes que aprovou a realização de uma sessão da comissão permanente com o primeiro-ministro para debater a gestão dos incêndios, Hugo Soares negou que a vontade demonstrada pelo Governo de prestar esclarecimentos ao parlamento seja uma tentativa de limpar a imagem do executivo. A imagem do Governo "não precisa de ser limpa", sublinhou.
O social-democrata defendeu as diferenças entre as atuações dos anteriores executivos socialistas, baseadas, disse, em 'show-off' de políticos no teatro de operações "sem qualquer preparação para o fazer" e o atual Governo, que optou por uma intervenção "com recato, mas com muita proximidade", não deixando de "coordenar aquilo que está a acontecer em Portugal".
Sobre as críticas à realização da Festa do Pontal com o país a arder, Hugo Soares garantiu não haver arrependimentos com a realização do evento social-democrata, acrescentando que o primeiro-ministro "saiu imediatamente após a sua intervenção, não tendo participado em qualquer festa".
O social-democrata acusou ainda de incoerência o líder do PS, José Luís Carneiro, por "criticar o encontro do Pontal à porta da Festa das Sardinhas em Portimão" e o presidente do Chega, André Ventura, por "criticar uma ida à praia" de Montenegro e publicar depois uma foto nas redes sociais em que demonstrava estar a gozar as suas férias de verão.
"Eu não os critico, o que eu peço é que haja coerência e sentido de respeito por aqueles que, de forma discreta, mas muito próxima, estão a coordenar o combate aos fogos em Portugal", disse.
De acordo com Hugo Soares, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Carlos Abreu Amorim, terá transmitido na conferência de líderes que este debate pode ter "efeitos contrários" ao que se pretende, e o líder parlamentar do PSD acrescentou que essa pode ser a consequência de "qualquer discussão acalorada num momento como este".
O presidente da bancada social-democrata criticou ainda a intenção do PS de propor uma comissão técnica independente para avaliar o combate aos fogos, considerando que há o risco de essa estrutura chegar à conclusão que os anteriores governos socialistas não acataram as recomendações feitas pela comissão independente formada em 2017.
João Almeida, deputado do CDS-PP, elogiou a disponibilidade de Luís Montenegro para ser ouvido na Assembleia da República, sublinhando que "nenhum outro Governo se disponibilizou para vir ao parlamento fazer o que o primeiro-ministro virá fazer".
O centrista criticou ainda a bancada socialista por considerar extemporânea a intenção de ouvir o primeiro-ministro, afirmando que o PS faz "oposição em mau" ao "serem os únicos que não querem o debate".
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