Foram divulgados os números do desempenho do grupo Stellantis na primeira metade do ano, com um prejuízo líquido que atinge mais de dois mil milhões de euros. O impacto das tarifas alfandegárias dos Estados Unidos da América é um dos motivos.
Os dados mostram perdas líquidas de 2.256 milhões de euros entre janeiro e junho, contrastando claramente com o lucro de 5.647 milhões de euros do mesmo período do ano passado.
O prejuízo operacional atingiu os 2.710 milhões de euros, sendo mitigado por 614 milhões de euros em benefícios fiscais.
As receitas líquidas pioraram 13 por cento para 74.261 milhões de euros, enquanto o resultado operacional ajustado foi de 540 milhões de euros (quebra de 94 por cento). Estas são provenientes, sobretudo, da Europa Alargada (29.163 milhões de euros) e da América do Norte (28.198 milhões de euros).
Quanto às tarifas, a Stellantis estima que terão um impacto líquido a rondar os mil e 500 milhões de euros - sendo 300 milhões de euros referentes ao primeiro semestre.
Mas, segundo o conglomerado, os resultados também contam com o efeito de "taxas de câmbio desfavoráveis" e de "quedas nos volumes da indústria europeia de veículos comerciais ligeiros".
A reestruturação custou 522 milhões de euros ao grupo Stellantis, enquanto a campanha de recolha dos airbags Takata defeituosos pesou 239 milhões de euros. Igualmente forte foi a influência negativa da descontinuação do programa de células de combustível, 733 milhões de euros.
Até agora, este ano a Stellantis lançou quatro novos modelos (Citroën C3 Aircross, Fiat Grande Panda, Opel Frontera e Ram ProMaster Cargo BEV). Atualizou, igualmente, o Citroën C4/C4X e o Opel Mokka, bem como o Ram 2500 e o Ram 3500 Heavy Duty.
Nova liderança
Este primeiro semestre do ano também ficou marcado pela chegada de Antonio Filosa ao cargo de diretor-executivo, no dia 23 de junho. Já a 18 de julho, foi confirmado como membro do Conselho de Administração e diretor-executivo.
Perspetivas para o resto do ano
Para o resto do ano, a Stellantis espera ter um aumento nas receitas líquidas, tendo já começado a aplicar as diretrizes financeiras para o segundo semestre - que pressupõem a continuidade das regras tarifárias e comerciais que hoje estão em vigor.
Antonio Filosa reagiu aos resultados agora apresentados, ao afirmar em comunicado: "O ano de 2025 está a revelar-se um ano difícil, mas também de melhorias graduais. Os sinais de progresso são evidentes quando comparamos o primeiro semestre de 2025 com o segundo semestre de 2024, na forma de melhores volumes, receitas líquidas e AOI, apesar do agravamento dos fatores externos adversos. A nossa nova equipa de liderança, embora realista quanto aos desafios, continuará a tomar as decisões difíceis necessárias para restabelecer o crescimento rentável e melhorar significativamente os resultados".
Vendas na Europa assistiram a forte quebra
A Stellantis reúne variadas marcas, como a Citroën, Fiat, Peugeot, Opel, mas também Alfa Romeo, DS ou Jeep, entre outras.
Segundo a ACEA - Associação de Construtores Automóveis Europeus, o conglomerado vendeu 910.773 automóveis na União Europeia entre janeiro e junho (descida de 11,1 por cento), com a Peugeot a liderar por marca (311.112). Já no conjunto UE/EFTA/Reino Unido, a Stellantis quebrou 9,1 por cento com 1.040.902 viaturas vendidas, sendo de novo a Peugeot a liderar por marcas.
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