De acordo com um comunicado enviado à Lusa, o projeto 'Impactful entrepreneurship for inclusion and diversity in Africa' (Empreendedorismo com impacto na inclusão e diversidade em África), aplicado nas duas cidades angolanas, pretende ajudar 45 jovens "entre os 14 e os 18 anos, que vão aprender a transformar ideias simples em pequenos negócios".
Assim, a formação vai ser dada pela escola de gestão portuguesa em parceria com a ONG angolana USEPHA, especializada em "capacitação para a gestão de micro e pequenos negócios", segundo a nota de imprensa.
"Capacitar adolescentes para a sustentabilidade financeira é um dos objetivos deste projeto que atua em zonas de exploração mineira, onde o trabalho infantil e os casamentos forçados são frequentes", acrescentou-se.
Por isso, para a ISCTE Business School, a abertura de negócios em setores essenciais, como o agroalimentar ou a informática, "exige competências técnicas e o desenvolvimento de 'soft skills' para negociar, liderar equipas ou resolver conflitos".
Em agosto vai começar a terceira ação deste programa, iniciado em novembro de 2024 e que teve uma segunda edição em abril.
A partir de agosto, o programa será implementado no Dundo e no Luena, "regiões associadas à exploração desenfreada de diamantes, um setor que gera muita riqueza, mas cujos benefícios raramente chegam às populações locais", explicou o ISCTE.
"A atividade mineira - em muitos locais totalmente informal e sem regulação adequada - tem agravado fenómenos como o trabalho infantil, os casamentos forçados e o recrutamento de adolescentes por redes criminosas", frisou o coordenador do programa e vice-presidente da escola Renato Pereira.
Este programa tem previstas dez ações de capacitação até 2027, em que os participantes vão aprender "a desenvolver um negócio desde o início", nomeadamente a "elaborar orçamentos, planear a produção, definir preços, negociar com parceiros e apresentar ideias com clareza", frisou-se no documento.
Por outro lado, é pretendido que desenvolvam 'soft skills', como a "integridade, criação de redes de contactos, resiliência perante dificuldades persistentes, resolução de conflitos e trabalho em equipa".
"Fora das sessões, existirão encontros semanais na sede da USEPHA no Dundo, onde aprofundarão conhecimentos complementares fundamentais, como ferramentas informáticas e utilização estratégica das redes sociais", segundo o comunicado, em que se explica que a ONG foi fundada por um doutorando do ISCTE, o angolano Adolfo Caiji Cabeia.
Este projeto tem ligações com instituições locais, nomeadamente o governo provincial da Lunda-Norte, com o Instituto Nacional de Apoio às PME (INAPEM), da Universidade Lueji A'Nkonde, e com órgãos de comunicação social daquela região angolana.
O projeto é financiado pela instituição de gestão portuguesa "no contexto do orçamento das iniciativas estratégicas da escola, e o patrocínio de alguns dos parceiros angolanos", concluiu-se.
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