O ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, acredita que é possível chegar a um acordo com os Estados Unidos da América (EUA) com tarifas inferiores a 10%, algo que ajudaria a manter as trocas comerciais.
"É possível chegar a um acordo com tarifas muito baixas, que possa ser percebido como benéfico para ambas as partes e possa continuar a permitir-nos negociar e agregar valor aos nossos cidadãos", disse o governante português numa entrevista à Bloomberg, esta segunda-feira.
"Esperamos ter uma atualização do que a Comissão [Europeia] conseguiu negociar com a administração dos EUA" no encontro entre os ministros das Finanças da zona euro e da União Europeia (UE) que se realizam hoje e amanhã.
Questionado sobre o valor das tarifas, Miranda Sarmento adiantou que, "provavelmente, menos de 10%", mas deixou detalhes para mais tarde: "Vamos ver qual será o resultado".
Os EUA começaram a enviar cartas aos países com os quais não assinaram acordos comerciais, para os notificar sobre as tarifas que vão impor a partir de 1 de agosto.
Isto acontece após meses de pressão e retificações que resultaram em acordos com o Reino Unido, Vietname e China.
Entretanto, a União Europeia (UE), o Japão, a Coreia do Sul e a Índia estão a tentar acelerar as suas negociações.
No domingo, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou que as cartas enviadas pelo seu governo aos vários países lhes dão até 01 de agosto para fecharem os respetivos acordos comerciais e que, caso tal não aconteça, as tarifas anunciadas a 02 de abril serão estabelecidas a partir dessa mesma data.
presidente dos Estados Unidos Donald Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhe com as políticas do bloco BRICS, que descreveu como sendo contra Washington.
"Qualquer país que se alinhe com as políticas anti-[norte-]americanas do BRICS terá de pagar uma tarifa ADICIONAL de 10%", escreveu Trump, no domingo à noite, numa publicação na sua rede social, Truth Social.
"Não haverá exceções a esta política", acrescentou o chefe de Estado norte-americano, levantando novas incertezas ao desfecho das negociações entre os EUA e respetivos parceiros comerciais.
Os líderes dos países que compõem o bloco BRICS, reunidos no Rio de Janeiro, rejeitaram no domingo as medidas de protecionismo comercial, mas não se referiram expressamente aos Estados Unidos, ainda que as políticas de Donald Trump estejam presentes nas entrelinhas da declaração final do primeiro dia do encontro.
O fórum, composto por 11 países do Sul Global e liderado pela China e pela Rússia, começou no domingo e conclui hoje a 17.ª reunião de chefes de Estado e de Governo.
Esta cimeira no Brasil, que assume a presidência rotativa do grupo, está a ser marcada pelas ausências dos presidentes chinês - a primeira na história do BRICS - e russo, ainda que Vladimir Putin tenha participado por teleconferência.
Os 126 artigos que integram a declaração final do primeiro dia abordam a guerra comercial de Donald Trump, a escalada de violência no Médio Oriente e apelam a uma reforma urgente das Nações Unidas, do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
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