Massacre de Gukurahundi? Oposição critica "paródia da justiça"

A investigação do massacre, perpetrado por soldados zimbabuenses entre 1982 e 1987, foi contestada pela ZAPU por ser uma "paródia da justiça", confirmou este partido da oposição à EFE.

Massacre de Gukurahundi, campa, cemitério

© ZINYANGE AUNTONY/AFP via Getty Images

Lusa
30/06/2025 15:40 ‧ há 6 horas por Lusa

Mundo

Zimbabué

As audiências para a investigação do massacre de Gukurahundi (1982- 1987), que causou cerca de 20.000 mortos, foram contestadas pela União do Povo Africano do Zimbabué (ZAPU, na sigla em inglês), avança hoje a agência de notícias EFE.

 

A investigação do massacre, perpetrado por soldados zimbabuenses entre 1982 e 1987, foi contestada pela ZAPU por ser uma "paródia da justiça", confirmou este partido da oposição à EFE.

O líder da ZAPU, Sibangilizwe Nkomo, questionou a legalidade e o procedimento das audiências numa ação movida no fim de semana passado no Tribunal Superior de Bulawayo, num caso que será examinado terça-feira pelo juiz Munamato Mutevedzi naquela cidade (sudoeste).

Nkomo, filho do falecido vice-Presidente Joshua Nkomo (1990-1999) e fundador do ZAPU, disse à EFE que o seu partido "não apoia este programa de investigações e audiências" porque "é uma paródia da justiça para o povo das províncias de Matabeleland e Midlands", onde os massacres foram perpetrados.

As audiências foram criticadas pela proibição imposta aos meios de comunicação de cobrir o processo, que se realiza à porta fechada desde que começou na sexta-feira em Bulawayo, a segunda maior cidade do país.

"Aconselhamos os nossos membros a não participarem num processo envolto em segredo e controvérsia. A ZAPU quer que as pessoas envolvidas nas atrocidades prestem testemunho, uma vez que algumas delas ainda estão vivas hoje em dia", acrescentou Nkomo.

O Presidente do Zimbábue, Emmerson Mnangagwa, anunciou em julho de 2024 a abertura de investigações sobre os massacres contra a minoria ndebele na década de 1980.

Gukurahundi é o nome dado à operação de limpeza étnica contra os ndebeles, que foi executada pela Quinta Brigada do Exército Nacional do Zimbábue sob as ordens do então Presidente do país, Robert Mugabe (1987-2017), de acordo com a ONG norte-americana Genocide Watch (GW).

Mugabe, líder da União Nacional Africana do Zimbábue - Frente Patriótica (ZANU-PF), pertencia à etnia shona maioritária e ordenou os massacres para derrotar o rival, Joshua Nkomo - de origem ndebele - com a intenção de formar um Estado monopartidário, indicou a GW, que considera os massacres um genocídio.

As audiências começaram na sexta-feira com a presença de 72 líderes tradicionais das províncias vítimas dos massacres e o estabelecimento da logística.

O presidente do Conselho dos Chefes (que lidera as audiências sobre os massacres), Matshane Nkumalo, negou à EFE a existência de ordens judiciais, por enquanto, para deter o processo.

"Vamos seguir em frente, já que não há uma ordem judicial que suspenda os procedimentos", afirmou Nkumalo.

O ativista do Fórum de ONG pelos Direitos Humanos do Zimbábue, Obert Masaraure, apoiou a contestação judicial do ZAPU porque "as audiências organizadas pelo Governo são uma tentativa desesperada de encobrir e branquear as atrocidades de Gukurahundi".

"Devem nomear uma comissão internacional independente liderada por cidadãos credíveis", acrescentou Masaraure.

Mnangagwa, de 82 anos, que governa o Zimbábue desde 2017, quando um golpe militar derrubou Mugabe, era ministro da Segurança do Estado durante os massacres.

Leia Também: Zimbabué autoriza abate de 50 elefantes devido a sobrepopulação

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