Uma angariação de fundos criada para Agam Rinjani, alpinista indonésio que comoveu o Brasil ao voluntariar-se para resgatar o corpo de Juliana Marins, turista brasileira que morreu no vulcão Rinjani, arrecadou mais de 522 mil reais, quase 81 mil euros, no entanto, acabou por ser cancelada no domingo.
A campanha estava a ser coordenada pelo site Razões Para Acreditar e pela plataforma Vooa, mas o elevado números de questões relacionadas com uma taxa de 20% imposta na angariação levou a que a organização cancelasse a iniciativa. Num comunicado oficial, informaram que vai proceder à devolução integral e automática a partir desta segunda-feira.
Segundo o site g1, na altura em que a campanha foi cancelada, já tinham sido arrecadados mais de 522 mil reais, mais de 80,9 mil euros.
"Sobre a vaquinha destinada ao Agam (o guia que resgatou o corpo da brasileira Juliana Marins no Monte Rinjani), esclarecemos que: decidimos pelo cancelamento imediato da campanha, com a devolução integral e automática das doações realizadas até aqui", lê-se em comunicado.
A mesma nota refere que, "nos últimos dias, a Voaa, o Razões para Acreditar e outras pessoas envolvidas (...) tornaram-se alvo de ataques, ameaças, informações falsas e mensagens de ódio", considerando que a discussão em torno da campanha "desviou a atenção" da sua "essência".
"Ainda que seja uma decisão difícil, entendemos que o caminho mais transparente neste momento é cancelar a campanha e devolver integralmente as doações em respeito ao Agam e a cada doador. Tomamos essa decisão após muitos questionamentos relacionados à nossa taxa administrativa de 20%, que, apesar de comunicada em nosso site desde o início, gerou desconforto em algumas pessoas", referem, reconhecendo que a comunicação "poderia ter sido mais clara".
A organização destaca ainda que é responsável pelo trabalho e "desfecho de cada campanha", que envolvem "inúmeros custos fixos", para que "cada história seja verdadeira, bem contada e que o valor arrecadado chegue com responsabilidade a quem realmente precisa".
Recorde-se que Agam arriscou a própria vida para chegar ao local onde estava o corpo da jovem brasileira, que caiu de um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani. O alpinista passou a noite ao lado da vítima, numa encosta íngreme, para evitar que o corpo não descesse ainda mais.
Na altura, Rinjani, que adotou o nome do vulcão e que se voluntariou para ajudar, depois de ter conhecimento do caso nas redes sociais, mostrou-se "triste" com o desfecho da situação.
A jovem brasileira, recorde-se, tinha viajado, sozinha, para a Ásia e caiu durante uma caminhada no vulcão Rinjani, na Indonésia. Foi encontrada morta na terça-feira passada, quatro dias após a queda.
Juliana foi vista pela última vez pelas 17h10 locais de sábado, 21 de junho, em imagens captadas por um drone de outros turistas que a mostrava sentada após a queda. No entanto, quando as equipas chegaram ao local já não a encontraram. Apurou-se, posteriormente, que a turista brasileira sofreu uma segunda queda.
Na última sexta-feira, o médico legista Ida Bagus Alit anunciou os resultados preliminares da autópsia ao corpo da jovem, revelando que Juliana terá morrido cerca de 20 minutos devido aos vários ferimentos que sofreu.
"A principal causa da morte foram ferimentos na caixa torácica e nas costas", disse, citado pela BBC Brasil.
Este fim de semana, o pai de Juliana, Manuel Marins, recorreu às redes sociais para recordar a filha e as viagens em família, partilhando uma fotografia da família em Lisboa, um local que, naquela altura, emocionou a jovem.
Leia Também: Pai de Juliana Marins recorda "lágrimas de emoção" da filha em Portugal