O líder do PP espanhol, Alberto Núñez Feijóo, pediu hoje a demissão do chefe do Governo, Pedro Sánchez, e a convocação de eleições antecipadas, após a justiça ter colocado em prisão preventiva um ex-dirigente socialista por alegados subornos.
Feijóo lembrou que Santos Cerdán, ex-secretário da Organização do PSOE, foi a pessoa que o primeiro-ministro espanhol e líder dos socialistas "ratificou pessoalmente como número dois há seis meses", no congresso do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), realizado em Sevilha.
A mesma pessoa, salientou o líder do Partido Popular (PP, direita), que "irá hoje para a prisão sem fiança, acusado de organização criminosa e suborno, entre outras acusações".
"Se isto não merece uma demissão e eleições, é porque já não tem qualquer sentido da realidade", afirmou, numa mensagem na rede social X.
O Supremo Tribunal espanhol decidiu hoje mandar Santos Cerdán para o regime de prisão preventiva sem fiança pelo alegado papel num esquema de distribuição de subornos por supostas adjudicações irregulares de obras públicas.
O juiz Leopoldo Puente, que atendeu ao pedido do Ministério Público Anticorrupção e das acusações, considerou que o ex-número três do PSOE pode ter cometido crimes de integração em organização criminosa, suborno e tráfico de influências.
Cerdán prestou hoje depoimento pela primeira vez perante o magistrado desde que renunciou e, em resposta às perguntas do seu advogado, negou que ele ou o PSOE tenham recebido pagamentos de subornos.
O acusado afirmou-se vítima de perseguição política por negociar a investidura de Pedro Sánchez com os partidos nacionalistas bascos PNV e o EH Bildu, e previu que o próximo alvo será o ministro Félix Bolaños.
Por outro lado, o porta-voz do Grupo Popular no Congresso, Miguel Tellado, lembrou as mensagens de apoio a Cerdán nestes meses.
"É tudo mentira, diziam eles. Perseguem-nos injustamente. A culpa é toda da lama, dos juízes fascistas, dos meios de comunicação fascistas, da oposição fascista que nos odeia por sermos progressistas", indicou.
Tellado assinalou que já se sabe "como acaba a história" e acrescentou: "Tudo era uma farsa e um estratagema para se agarrar ao poder".
Para o responsável do PP, "hoje o 'sanchismo' dorme atrás das grades".
Anteriormente, numa conferência de imprensa, a secretária-geral do PP considerou que a decisão do Supremo Tribunal de enviar Santos Cerdán para prisão preventiva "sem fiança" representa um "salto qualitativo" e chamou a atenção dos parceiros do PSOE para que se pronunciem.
"Creio que é hora de saber o que pensam todos aqueles que apoiaram este Governo", declarou Cuca Gamarra.
Para os populares, a decisão do Supremo Tribunal "afeta diretamente o presidente do Governo".
Nesse sentido, enfatizou que essa decisão judicial afeta o "coração do 'sanchismo'" porque Santos Cerdán "era o homem de confiança [de Pedro Sánchez] para tudo", com negociações importantes como a moção de censura que o levou à Moncloa (sede do executivo) em 2018 e as negociações para que Sánchez fosse empossado como presidente do Governo.
Além disso, sublinhou que também conduziu as negociações na Suíça com o ex-presidente do governo regional catalão Carles Puigdemont.
"Pedro Sánchez, em definitivo, é e tem sido o presidente Sánchez graças a Cerdán, e Cerdán fez tudo o que fez graças a Pedro Sánchez. E se um cai judicialmente, o outro deve cair politicamente, porque se Cerdán acabar na prisão, o que Pedro Sánchez deve fazer é abandonar imediatamente a Moncloa", defendeu.
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