Dois trabalhadores humanitários norte-americanos da Fundação Humanitária de Gaza, apoiada por Israel, ficaram feridos no sul de Gaza num ataque a um local de distribuição de alimentos, que a organização recém-criada atribuiu ao Hamas, sem apresentar provas.
Os palestinianos expressaram uma esperança cautelosa depois de o Hamas ter dado uma resposta "positiva" na sexta-feira à mais recente proposta dos Estados Unidos da América (EUA) para uma trégua de 60 dias, mas disseram que eram necessárias mais negociações sobre a sua concretização.
"Estamos cansados. Chega de fome, chega de encerramento de postos de travessia. Queremos dormir descansados, onde não se oiça aviões de guerra, 'drones' ou bombardeamentos", disse Jamalat Wadi, uma das centenas de milhares de deslocados de Gaza, em Deir al-Balah, semicerrando os olhos por causa do sol durante uma onda de calor de mais de 30 graus Celsius.
O Hamas procurou garantias de que a trégua inicial levaria ao fim total da guerra e à retirada das tropas israelitas de Gaza.
O Presidente norte-americano, Donald Trump pressionou por um acordo e recebe o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, na segunda-feira, para discutir um acordo.
As negociações anteriores foram paralisadas devido às exigências do Hamas de garantias de que novos acordos levariam ao fim da guerra, enquanto Netanyahu insistiu que Israel retomaria os combates para garantir a destruição do grupo islamita.
"Enviem uma delegação com mandato completo para chegar a um acordo abrangente para pôr fim à guerra e trazer todos de volta. Ninguém deve ser deixado para trás", disse Einav Zangauker, mãe do refém Matan Zangauker, no comício semanal de familiares e apoiantes em Telavive.
Ataques aéreos israelitas atingiram tendas na zona sobrelotada de Muwasi, na costa mediterrânica de Gaza, matando sete pessoas, incluindo um médico palestiniano e os seus três filhos, segundo o Hospital Nasser, na cidade de Khan Yunis, no sul do país.
Outros quatro foram mortos na cidade de Bani Suheila, no sul de Gaza. Três pessoas foram mortas em três ataques em Khan Yunis. O exército de Israel não comentou de imediato.
Separadamente, oito palestinianos foram mortos perto de um local de distribuição de ajuda do grupo Gaza Humanitarian Foundation (GHF, na sigla em inglês), na cidade de Rafah, no sul do país, informou o hospital. Um palestiniano foi morto perto de outro ponto do GHF em Rafah. Não ficou claro a que distância os palestinianos estavam dos locais.
O GHF negou que os homicídios tenham ocorrido perto dos seus locais. A organização afirmou que ninguém foi baleado nos seus locais, que são protegidos por empreiteiros privados e só podem ser acedidos passando por posições militares israelitas a centenas de metros de distância.
O exército disse que dispara tiros de aviso como medida de controlo de multidões e só visa as pessoas quando as suas tropas são ameaçadas.
Outro palestiniano foi morto enquanto esperava no meio da multidão por camiões de ajuda no leste de Khan Yunis, disseram as autoridades do Hospital Nasser. As Nações Unidas e outras organizações internacionais têm trazido os seus próprios fornecimentos de ajuda desde o início da guerra. O incidente não parece estar ligado às operações do GHF.
O Hamas atacou Israel, em 07 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e fazendo outras 251 reféns.
Israel respondeu com uma ofensiva que matou mais de 57.000 palestinianos, mais de metade deles mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, liderado por profissionais médicos empregados pelo governo do Hamas.
Leia Também: Centenas de pessoas manifestaram-se em Lisboa por paz em Gaza