"Celebramos esta conquista como uma vitória coletiva. É o reconhecimento do trabalho árduo, da resiliência e da visão estratégica dos nossos profissionais da conservação, das nossas comunidades locais, da sociedade civil, dos nossos parceiros internacionais e de todos quantos se empenharam na restauração, proteção e valorização deste ecossistema único", lê-se no comunicado da Presidência que cita Daniel Chapo.
Em comunicado, o Presidente de Moçambique referiu ainda que a inscrição deve ser encarada "com orgulho e responsabilidade" por ser "símbolo de esperança ambiental e motor para o ecoturismo", pedindo esforços coletivos na proteção contínua "deste tesouro natural, que é do mundo, mas orgulhosamente moçambicano".
"Reafirmamos o nosso empenho em continuar a trabalhar com responsabilidade e com ambição, assegurando que esta classificação não seja apenas um título honorífico, mas sim uma alavanca para um futuro ainda mais próspero, inclusivo e sustentável para Moçambique", lê-se no comunicado.
A UNESCO inscreveu hoje o Parque Nacional de Maputo na lista do Património Mundial da humanidade.
A inscrição foi adotada hoje durante a 47.ª reunião da organização, que decorre em Paris, com a UNESCO destacar que o Parque Nacional de Maputo "inclui ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos, e abriga quase 5.000 espécies. O local complementa os valores de conservação de iSimangaliso [parque contíguo da África do Sul], aprimorando a proteção da biodiversidade em todo ecossistema da região de Maputo".
A UNESCO indicou antes que o Parque de Maputo apresenta "habitats diversos, incluindo lagos, lagoas, mangais e recifes de corais", tal como longas praias, dunas, pântanos, extensas zonas húmidas, diversas ervas, fornecendo um habitat para uma gama de espécies marinhas da África Austral, destacando-se igualmente a sua conservação de longa data.
O Parque de Maputo está ligado ao parque das Zonas Húmidas iSimangaliso, na África do Sul, que já tem estatuto de património mundial.
A história da proteção ambiental a sul da capital moçambicana começou em 1932, então numa pequena área de caça, em que o elefante era das principais presas. Em 1969, a importância da biodiversidade local levou à classificação da área como Reserva Especial de Maputo.
A reação ao declínio provocado pela guerra civil que se seguiu à independência recebeu o seu principal impulso em 2006 com a assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo e a Peace Parks Foundation.
Em resultado dessa cooperação, o Parque Nacional de Maputo não tem parado de crescer desde 2010, beneficiando de vários programas de reintrodução e translocação de espécies.
Aí têm o seu habitat as emblemáticas girafas e elefantes, que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), mas o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de "mar e terra", numa área total de 1.718 quilómetros quadrados.
Oficialmente, foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas, a Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).
O administrador do parque de Maputo disse à Lusa, em 04 de julho, que a elevação do estatuto vai mudar a "visibilidade do parque", um lugar a ser apresentado ao mundo "como património da humanidade por ser único", com "valores universais" defendidos pela UNESCO.
Com a elevação do parque moçambicano ao estatuto de Património Mundial da humanidade, tinha antes adiantado o administrador, as duas partes (Moçambique e África do Sul) vão avançar com conversações para encontrar uma nova forma de gestão, com a preocupação principal na movimentação das espécies.
"Caso se concretize, vai ser criado um comité conjunto e um plano operativo conjunto [com a África do Sul]. A gestão é individual de cada país, mas terá que haver coordenação em conjunto" para se "manter o valor" de ambos os parques, disse então o administrador.
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