Múrcia. Detenções e feridos após apelo de extremistas a caça a migrantes

Pelo menos uma pessoa foi detida e cinco ficaram feridas na segunda noite consecutiva de confrontos em Torre Pacheco. Em causa estão apelos a uma "caça" a migrantes, lançados por grupos extremistas e nacionalistas, depois de um idoso ter sido agredido por três jovens de origem marroquina, na quarta-feira.

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Daniela Filipe
13/07/2025 17:38 ‧ há 9 horas por Daniela Filipe

Mundo

Espanha

Pelo menos uma pessoa foi detida e cinco ficaram feridas na segunda noite consecutiva de confrontos em Torre Pacheco, na região de Múrcia, em Espanha, no sábado. Em causa estão apelos a uma “caça” a migrantes, lançados por grupos extremistas e nacionalistas, na sequência de uma manifestação pacífica organizada pela autarquia de Torre Pacheco, depois de um idoso ter sido agredido por três jovens de origem marroquina, na quarta-feira.

 

A onda de violência começou na sexta-feira, logo após uma manifestação convocada pela Câmara Municipal de Torre Pacheco, para condenar as agressões contra um homem de 68 anos. Cerca de 500 pessoas marcaram presença no protesto pacífico, de acordo com o El País.

Contudo, grupos extremistas e nacionalistas aproveitaram as circunstâncias para lançar uma cruzada contra os imigrantes residentes na região, tendo inclusive apelado a uma “caça”.

Este domingo, foram destacados 75 agentes das forças armadas, incluindo membros da Unidade de Segurança do Cidadão (USECIC) do Comando da Guardia Civil de Múrcia, do Grupo de Reserva e Segurança (GRS), das patrulhas antimotim e de segurança pública de Torre Pacheco, para responder à escalada de tensão, de acordo com o La Opinión de Murcia.

O governo local confirmou ainda àquele meio que deverão ocorrer mais detenções nas próximas horas devido aos tumultos, que feriram pelo menos um polícia.

Partidos condenam violência, enquanto Vox deita ‘achas na fogueira’

O líder da oposição, Alberto Núñez Feijóo, pediu ao governo espanhol para que reforçasse a segurança, ao mesmo tempo que denunciou a onda de violência.

"O governo deve reforçar as tropas para parar imediatamente a espiral de violência. A primeira coisa é garantir a segurança pública e que todos sejam responsabilizados perante a lei, a começar pelos agressores de um idoso indefeso", escreveu, rede social X (Twitter).

Já a porta-voz do Podemos na Assembleia Regional de Múrcia, María Marín, condenou “a caça racista que está a ter lugar em Torre Pacheco”, no sábado, depois de, na sexta-feira, ter denunciado que “os grupos neonazis e o Vox estavam a utilizar a agressão de um idoso por uma pessoa mal-intencionada para incentivar a violência indiscriminada contra a população estrangeira”.

Por seu turno, a ministra da Juventude e da Infância, Sira Rego, também criticou a “perseguição racista” aos imigrantes, além de ter salientado que “a ultradireita e a direita apontam o dedo e as suas esquadrilhas atuam”, na rede social Bluesky.

Noutro espectro, o presidente do partido de extrema-direita Vox, Santiago Abascal, exigiu “deportações massivas”, enquanto o líder regional, José Ángel Antelo, associou a imigração à insegurança sentida pelos cidadãos.

"Não queremos gente assim nas nossas ruas nem no nosso país. Vamos deportá-los a todos: não ficará um único deles", disse, em Torre Pacheco, num protesto sob o mote ‘Defiéndetete de la inseguridad’ [Defende-te da insegurança, em português].

Domingo foi caminhar, como era habitual, e acabou espancado “sem motivo algum”

Por volta das 5h30 da manhã de quarta-feira, Domingo saiu de casa para fazer o sua caminhada diária de quatro quilómetros, em direção ao cemitério de Torre Pacheco, quando foi agredido por um jovem de origem marroquina, aparentemente “sem motivo algum”.

"Estava a passear, por volta das 5h50, junto ao cemitério e à estação de autocarros, quando reparei em três indivíduos, possivelmente marroquinos. Um deles estava ao telefone, outro não estava a fazer nada, e o terceiro veio na minha direção e, sem justa causa, começou a dar-me murros na cara", contou o idoso ao El Español.

Domingo frisou ainda que foi espancado “por diversão”, já que os jovens não o roubaram: "Tinha o meu relógio e as chaves de casa comigo e aquele jovem nem sequer me tirou o relógio: só me bateu para me magoar", disse.

O caso tomou outras proporções quando uma fotografia dos seus hematomas se tornou viral no WhatsApp, acompanhada por um vídeo descontextualizado. As imagens mostravam um idoso fisicamente parecido com Domingo a ser agredido, alegadamente também por imigrantes de origem marroquina, mas o homem negou ser a vítima retratada.

“Deixei bem claro à Guardia Civil que o homem de t-shirt branca não sou eu”, garantiu.

Assim, acredita-se que os grupos ligados à extrema-direita tenham feito proveito do incidente para propagar a sua ideologia xenófoba e racista, no seio de uma comunidade com elevadas taxas de imigração.

A Guardia Civil está a investigar e, para já, não exclui qualquer motivo para as agressões. Até ao momento, ninguém foi detido.

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