O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) afirmou que estes deslocamentos foram registados nos últimos três dias.
O ACNUR é a única organização internacional com presença direta naquela cidade síria, de maioria drusa, onde conta com 18 colaboradores, que tiveram de ser retirados da região devido à insegurança.
No entanto, a organização já tinha conseguido reafetar mantimentos de emergência e estava a trabalhar na criação de centros de abrigo coletivo para pessoas que tiveram de fugir da violência na área.
"A situação é alarmante. É difícil operar e a nossa capacidade é limitada, enquanto as necessidades são consideráveis, especialmente para a assistência médica. Temos 'stocks' e esperamos distribuí-los assim que a situação de segurança o permita", disse o porta-voz do ACNUR em Genebra, William Splinder.
A violência começou no domingo entre grupos armados drusos e tribos beduínas, mas quando o Governo interino em Damasco enviou forças militares, foi aberta uma frente adicional de confrontos.
Uma porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos da ONU disse que conseguiram recolher informações em primeira mão de familiares de vítimas e testemunhas das atrocidades cometidas em Al-Sweida, de onde as pessoas continuam a fugir.
"Os confrontos continuam, muitas pessoas continuam a escapar, mas há muita desinformação a circular e precisamos de ter cuidado", disse a porta-voz, sublinhando que especialistas do Gabinete estão a analisar vários vídeos alegadamente da zona, nos quais é possível constatar uma série de violações dos direitos humanos.
Através de canais credíveis, esta agência recebeu relatos de abusos generalizados, incluindo execuções sumárias e assassínios arbitrários, raptos, destruição de propriedade privada e pilhagens de casas.
"Os alegados perpetradores incluem membros das forças de segurança e indivíduos afiliados das autoridades provisórias, bem como outros elementos armados na área, incluindo drusos e beduínos", afirmou.
As autoridades sírias negaram já que as tropas regulares estejam a preparar para um novo destacamento em Al-Sweida, na sequência de novos combates entre militantes drusos e beduínos apoiados pelas forças de segurança.
A organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) avançou que mais de 590 pessoas morreram desde o início dos confrontos na semana passada, entre milicianos drusos e beduínos apoiados por tribos árabes e forças de segurança.
A situação levou Israel a bombardear alvos de tropas governamentais em Sweida e até a sede do Ministério da Defesa sírio em Damasco, ameaçando adotar novas medidas para proteger membros da minoria drusa, que também vive em Israel.
As autoridades sírias que derrubaram o regime do ex-presidente Bashar al-Assad em dezembro, lideradas pelo grupo militante islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), prometeram estabilizar a situação.
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