ONU condena "incidentes violentos e islamofóbicos" em Torre Pacheco

A ONU condenou hoje os "incidentes violentos e islamofóbicos" da última semana na localidade espanhola de Torre Pacheco, considerando que "não devem ter espaço em nenhuma sociedade".

Torre Pacheco

© Getty Images

Lusa
18/07/2025 17:30 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Torre Pacheco

Num comunicado, o alto representante da Aliança das Civilizações da ONU, o ex-ministro espanhol Miguel Ángel Moratinos, manifestou preocupação com a perseguição aos imigrantes, sobretudo dos oriundos do norte de África, e com uma "retórica xenófoba e racista".

 

Moratinos referiu o caso de Torre Pacheco, na região de Múrcia, sul de Espanha, mas também o de Piera, na província de Barcelona, na Catalunha, onde no sábado passado houve "um incêndio intencionado" de uma mesquita acabada de construir e ainda nem inaugurada.

Perante estes dois casos, expressou no comunicado "solidariedade com a comunidade muçulmana" das duas regiões espanholas e disse esperar que os culpados pelos ataques e agressões responsam perante a justiça.

Moratinos é o alto representante da Aliança das Civilizações da ONU desde 2019 e, desde maio passado, também o enviado especial das Nações Unidas para o Combate à Islamofobia.

A localidade de Torre Pacheco foi cenário na última semana de concentrações e distúrbios durante a noite envolvendo grupos conotados com a extrema-direita que responderam a apelos na Internet para "uma caçada" a imigrantes.

Os distúrbios e os confrontos entre grupos de extrema-direita e residentes em Torre Pacheco, onde 30% da população de 40 mil pessoas é imigrante ou de origem estrangeira, surgiram depois de um homem, de 68 anos, habitante da localidade, ter sido agredido por jovens sem razão aparente, contou a própria vítima, na quinta-feira da semana passada, a meios de comunicação social.

"Detetámos [na Internet] a organização de uma chamada 'caçada' [a imigrantes] para os dias 15, 16 e 17 [de julho], o que permitiu antecipar um dispositivo policial de prevenção que conteve a situação", disse na segunda-feira a delegada do Governo central de Espanha em Múrcia, Mariola Guevara.

Segundo as forças de segurança espanholas, 14 pessoas foram detidas desde sábado, três delas por estarem relacionadas com a agressão e as restantes suspeitas de crimes de ódio, agressões e desordem pública.

Entre os detidos estão os três suspeitos de estarem relacionados com a agressão ao homem de 68 anos que desencadeou os apelos racistas na Internet.

Outro dos detidos, um homem de 28 anos, é o autor das mensagens nas redes sociais Telegram e Instagram que apelaram para "uma caçada" a imigrantes em Torre Pacheco.

Este homem, líder em Espanha do grupo "Deport them now" ("Deportem-nos já"), ficou em prisão preventiva e é suspeito de crimes de incitação ao ódio, pertença a associação ilícita para cometer delitos discriminatórios e posse ilegal de armas, segundo um comunicado do Tribunal Superior de Justiça da Catalunha (TSJC), região onde reside e foi detido.

O Governo espanhol disse na quinta-feira que a localidade regressou, aparentemente, à normalidade nos últimos dois dias, mas que as forças de segurança vão manter um dispositivo especial em Torre Pacheco.

Leia Também: Rússia usa tumultos em Espanha para ampliar desinformação

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