"Estamos a agir aqui em conformidade com o direito internacional. Estamos a fornecer ajuda humanitária em conformidade com o direito internacional. Aqueles que tentam sabotar essa ajuda são o Hamas e os seus apoiantes", disse Herzog, numa intervenção perante um batalhão de reservistas destacado num local não especificado do enclave palestiniano devastado por 21 meses de guerra, citado num comunicado divulgado pelo gabinete presidencial.
Mais de uma centena de organizações internacionais e palestinianas denunciaram hoje que a fome está a matar 2,1 milhões de pessoas em Gaza e criticaram o sistema de distribuição de ajuda humanitária, gerido por Israel e pelos Estados Unidos através da designada Fundação Humanitária para Gaza (GHF, na sigla inglesa).
Um total de 111 organizações não-governamentais (ONG), incluindo os Médicos Sem Fronteiras (MSF), a Save the Children e a Oxfam, alertaram para o avanço da fome na Faixa de Gaza, afirmando que até os trabalhadores humanitários "estão a morrer lentamente".
"Enquanto o cerco imposto pelo Governo israelita condena a população de Gaza à fome, os trabalhadores humanitários juntam-se às filas para receber alimentos, arriscando-se a ser baleados apenas para conseguirem alimentar as suas famílias", denunciaram as ONG.
Por seu lado, o Governo israelita acusou estas organizações de estarem "ao serviço da propaganda do Hamas" e argumentou que cerca de 4.500 camiões de ajuda entraram já em Gaza, sendo responsabilidade do "estrangulamento logístico" da ONU o facto de outros 700 camiões ainda aguardarem do outro lado da fronteira.
Apesar desta versão, é Israel que neste momento controla e mantém fechadas à entrada intensiva de alimentos as passagens fronteiriças para Gaza, permitindo - de forma altamente restritiva - a distribuição de comida apenas em alguns complexos militarizados, justificando-se com a alegação de que o Hamas beneficia da ajuda que chega através dos comboios humanitários da ONU.
Nos últimos dias, multiplicaram-se as imagens provenientes da Faixa de Gaza mostrando crianças esqueléticas, bem como testemunhos de médicos que relatam a chegada de pacientes com sinais de subnutrição e exaustos.
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo Hamas, o total de mortes por subnutrição desde o início da guerra no enclave é de 101, incluindo 80 crianças.
A mesma fonte especificou que pelo menos 46 crianças morreram por fome e desnutrição desde o início de julho.
A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
A retaliação de Israel já provocou mais de 59 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.
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