ONU confirma ter-se reunido com polémica Fundação Humanitária de Gaza

O secretário-geral da ONU confirmou hoje que a organização se reuniu com a Fundação Humanitária de Gaza, entidade apoiada por Israel e Estados Unidos que desde maio controla a distribuição de alimentos naquele território palestiniano, apesar das críticas internacionais.

antónio guterres

© Lev Radin/Pacific Press/LightRocket via Getty Images

Lusa
08/08/2025 22:06 ‧ há 10 horas por Lusa

Mundo

Médio Oriente

A reunião, proposta pela missão dos Estados Unidos junto das Nações Unidas, decorreu na quarta-feira com uma representação da Fundação Humanitária de Gaza (FHG) que contou com a presença do diretor da instituição privada, John Acree, informou a porta-voz adjunta de António Guterres, Stephanie Tremblay, em conferência de imprensa.

 

No encontro, especificou, diversas entidades da ONU e outros parceiros falaram sobre "a terrível situação humanitária em Gaza".

"Com praticamente toda a população da Faixa de Gaza à beira da fome, acolhemos quem quer que levante a voz para prestar assistência humanitária urgente aos civis de Gaza. Mas já temos um plano assente em princípios humanitários mundialmente reconhecidos", afirmou Tremblay.

Segundo o Ministério da Saúde local, mais de mil pessoas foram abatidas a tiro pelo Exército israelita, quando tentavam obter alimentos nos quatro pontos de distribuição da FHG, cuja segurança é garantida por mercenários e que se situam em zonas sob controlo militar israelita.

Uma nova investigação da organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) hoje divulgada concluiu que os centros de distribuição de alimentos da FHG são lugares de "assassínios orquestrados e desumanização" e deveriam ser encerrados.

Na terça-feira, 25 relatores e especialistas da ONU assinaram uma declaração conjunta apelando para o desmantelamento da FHG, criada em fevereiro por Israel com o apoio dos Estados Unidos.

Hoje, Tremblay insistiu que a ONU não alterou a sua abordagem quanto à prestação de ajuda humanitária.

"Trata-se de garantir que a assistência humanitária chega às pessoas mais vulneráveis e que estas a recebem de forma segura. Isso é muito importante para a distribuição de ajuda humanitária", sublinhou.

A porta-voz reiterou que a ONU "tem um plano que funciona" e recordou que dispunha de cerca de 400 pontos de distribuição de ajuda em toda a Faixa de Gaza, onde as pessoas podiam recebê-la "de forma segura e protegida".

Questionada sobre se a FHG atua em conformidade com esses princípios, Tremblay limitou-se a responder: "Creio que se pode ver o que está a acontecer em Gaza todos os dias".

O Governo israelita anunciou hoje a aprovação de um plano para a ocupação total da Faixa de Gaza, a começar pela cidade de Gaza, situada no norte do território palestiniano e com cerca de um milhão de habitantes, metade da população do enclave.

Os habitantes da cidade de Gaza serão deslocados para sul até 07 de outubro, data do segundo aniversário do ataque do movimento islamita palestiniano Hamas a Israel, que fez cerca de 1.200 mortos e 251 reféns e desencadeou no mesmo dia a guerra israelita ainda ali em curso.

Até agora, bombardeamentos e ofensivas terrestres fizeram mais de 61.000 mortos e 150.000 feridos, na maioria civis, além de milhares soterrados sob os escombros, segundo os mais recentes dados das autoridades locais, considerados pela ONU fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio durante mais de dois meses da entrada de ajuda humanitária - agora distribuída a conta-gotas -, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e ONG.

Há muito que a ONU declarou o território mergulhado numa grave crise humanitária, com mais de 2,1 milhões de pessoas numa "situação de fome catastrófica" e "o mais elevado número de vítimas alguma vez registado" pela organização em estudos sobre segurança alimentar no mundo.

Já no final de 2024, uma comissão especial da ONU tinha acusado Israel de genocídio em Gaza e de estar a usar a fome como arma de guerra - acusação logo refutada pelo Governo israelita, mas sem apresentar quaisquer argumentos.

Leia Também: Decisão israelita de tomar Gaza porá civis "ainda mais em perigo"

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