"O presidente [russo, Vladimir] Putin, acredito, quer ver a paz, e [o homólogo ucraniano Volodymyr] Zelensky quer ver a paz", e um acordo para acabar com a guerra provavelmente significaria "alguma troca de territórios", afirmou Trump na Casa Branca, sem dar pormenores.
"Estamos a falar de território disputado há três anos e meio, com a morte de muitos russos e ucranianos. (...) É complicado. Haverá trocas de território que beneficiarão ambos", adiantou Trump, que disse que irá reunir-se "muito em breve" com Putin para discutir um acordo, em local a determinar.
A Rússia tem vindo a exigir que a Ucrânia ceda quatro regiões parcialmente ocupadas (Donetsk, Lugansk, Zaporíjia e Kherson), além da Crimeia, anexada em 2014, e que renuncie ao fornecimento de armas ocidentais e a qualquer adesão à NATO.
Estas exigências têm sido recusadas por Kyiv, que pretende a retirada das tropas russas do seu território e garantias de segurança ocidentais, incluindo a continuidade do fornecimento de armas e o envio de um contingente europeu, a que a Rússia se opõe.
A última ronda de negociações diretas entre os dois beligerantes em Istambul, em julho, resultou apenas numa nova troca de prisioneiros e de restos mortais de soldados.
Numa tentativa de desbloquear o processo, o enviado norte-americano Steve Witkoff foi recebido esta semana por Vladimir Putin, e na quinta-feira Moscovo anunciou um "acordo de princípio" para uma próxima cimeira entre os líderes norte-americano e russo.
Vários 'media' norte-americanos, incluindo o The New York Times, noticiaram na quarta-feira que o Presidente norte-americano disse aos líderes europeus que queria reunir-se pessoalmente com Putin já na próxima semana, e depois realizar uma reunião a três com Zelensky, em que teria o papel de mediador.
Na quinta-feira, Trump disse que aceitaria reunir-se com Putin mesmo que este não se encontre com Zelensky.
O Kremlin (presidência russa) tem excluído um encontro entre Putin e Zelensky, que afirma fazer sentido apenas no final de um processo negocial, quando houver acordo em relação aos termos para a paz na Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.
A reunião entre Trump e Putin foi confirmada na quinta-feira por Washington e Moscovo, tendo o conselheiro presidencial russo Yuri Ushakov adiantado que deverá acontecer na próxima semana.
A consumar-se, será a primeira cimeira Estados Unidos-Rússia desde 2021, quando o ex-presidente Joe Biden se encontrou com o homólogo russo em Genebra, Suíça.
Seria também um marco significativo nos esforços de Trump para pôr fim à guerra, embora não haja garantia de que interromperia os combates.
Hoje termina o prazo estabelecido por Trump para a Rússia suspender a sua ofensiva na Ucrânia, sob ameaça de agravamento de sanções diretas e sanções secundárias a países que comprem hidrocarbonetos russos.
Na Casa Branca, Trump disse que as partes estão a "aproximar-se" de um acordo de cessar-fogo na Ucrânia porque todos querem pôr fim ao conflito.
"A Europa quer a paz. Milhões de pessoas morreram", disse Trump à imprensa na Casa Branca na assinatura de um acordo de paz entre os líderes da Arménia e do Azerbaijão.
Referiu ainda a recente entrega de ajuda militar à Ucrânia através de um acordo de compra de armas com a NATO e acrescentou que "Zelensky precisa de obter tudo o que precisa, porque terá de estar preparado para abdicar de alguma coisa".
"E acho que está a trabalhar arduamente para conseguir isso", adiantou Trump.
A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991 - após a desagregação da antiga União Soviética - e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.
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