Entre os indivíduos a serem levados do México para os Estados Unidos está Abigael González Valencia, líder dos Los Cuinis, um grupo próximo de um dos principais cartéis do país, o Jalisco Nova Geração (CJNG), de acordo com a agência de notícias Associated Press (AP), que cita uma fonte ligada ao processo.
Valencia é cunhado do líder do CJNG, Nemesio Rubén "El Mencho" Oseguera Cervantes, um dos principais alvos do governo norte-americano. Desde que foi detido, em fevereiro de 2015, no México, Valencia lutava contra a extradição para os Estados Unidos.
Liderou Los Cuinis ao lado de dois irmãos, incluindo José González Valencia, condenado em junho por um tribunal federal de Washington a 30 anos de prisão por tráfico internacional de cocaína, depois ter sido detido em 2017 numa estância balnear no Brasil, quando passava férias com a família sob um nome falso.
De acordo com a mesma fonte citada pela AP, o grupo agora extraditado inclui ainda Roberto Salazar, acusado de participar no homicídio de um polícia de Los Angeles, em 2008.
A Procuradoria-Geral da República e o Ministério da Segurança mexicanos confirmaram as transferências, sublinhando que foram realizadas depois do compromisso do Departamento de Justiça norte-americano de que não ia ser aplicada a pena de morte em nenhum dos casos.
Num contexto de crescente pressão do executivo do Presidente Donald Trump para estancar o fluxo de droga através da fronteira, o México entregou em fevereiro às autoridades norte-americanas 29 membros de cartéis, incluindo o traficante Rafael Caro Quintero, responsável pelo homicídio de um elemento da agência antinarcotráfico DEA, em 1985.
A Presidente mexicana, Claudia Sheinbaum, tem demonstrado maior vontade do que o antecessor Andrés Manuel Lopez Obrador em reforçar a cooperação com Washington no domínio da segurança, além de maior agressividade na perseguição aos cartéis, de acordo com a AP.
Contudo, Sheinbaum rejeitou as sugestões do homólogo norte-americano, Donald Trump, e de outros responsáveis governamentais a propósito de uma intervenção militar norte-americana, recusando abdicar da soberania do México.
A administração Trump deu prioridade ao desmantelamento de cartéis de drogas perigosos, designando como organizações terroristas estrangeiras o CJNG e outros sete grupos de crime organizado latino-americano.
O CJNG trafica para os Estados Unidos e outros países centenas de toneladas de cocaína, metanfetaminas e fentanil e é conhecido pela violência extrema, homicídios, tortura e corrupção.
As extradições ocorreram poucos dias antes da entrada em vigor das tarifas alfandegárias norte-americanas de 25% sobre as importações mexicanas, entretanto suspensas por Trump para negociações com Sheinbaum.
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