Israel "priva deliberadamente" entrada de água em Gaza

A Médicos Sem Fronteiras (MSF) denunciou hoje que Israel está a "privar deliberadamente a população de Gaza de água", numa "campanha genocida", e instou Telavive a permitir a importação de equipamentos para fornecer e distribuir água.

Médicos sem Fronteiras ; Gaza

© MOSAB SHAWER/AFP via Getty Images

Lusa
21/08/2025 16:37 ‧ há 2 horas por Lusa

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Através de um comunicado, a organização não-governamental (ONG) instou Israel a permitir a importação em grande escala de equipamento que permita fornecer e distribuir água e sublinhou que o exército israelita "deve parar a destruição das infraestruturas de água e permitir a reparação imediata dos sistemas de água que foram danificados". 

 

A MSF recorda que "a água e outros bens essenciais não devem ser utilizados como arma de guerra", adiantou a ONG, acrescentando que, após 22 meses de "destruição e restrições no acesso a infraestruturas essenciais de água", a quantidade de água disponível em Gaza é "totalmente insuficiente". 

A organização fez saber que outras organizações como a própria MSF "poderiam aumentar" a quantidade de água potável na Faixa de Gaza, mas Israel está a "bloquear as importações de artigos essenciais para o tratamento".

A ONG afirmou que está a tentar "há meses" trazer novas unidades de tratamento de água e que assete unidades que tem no enclave produzem água suficiente para que 65.000 pessoas recebam 7,5 litros por dia, embora isso seja "uma fração do que é necessário".

A organização explica que Israel "sempre controlou grande parte do fluxo de água que entra em Gaza" e insiste que "isso agora dificulta o fornecimento de água potável à população".

"Israel danificou repetidamente duas das três condutas de água que entram em Gaza desde outubro de 2023. Estima-se que 70% da água que passa por estas condutas se perde devido a fugas na rede de condutas mais alargada, devido aos danos causados pelos bombardeamentos", adiantam. 

A população depende, por isso, de "condutas de água provenientes de Israel e de instalações de dessalinização em Gaza", embora ambas as infraestruturas "estejam sob contínuos ataques israelitas".

A MSF salientou que esta escassez de água provocou um aumento do número de doenças, referindo que, só no último mês, as equipas médicas registaram mais de 1.000 consultas por semana devido a diarreia aquosa aguda. 

A falta de água também fez com que a população sofresse de doenças de pele como a sarna, acrescentou MSF. 

De acordo com um relatório da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA) sobre a situação em Gaza, divulgado na quarta-feira, as condições de saúde pública são "catastróficas".

"Nos últimos dias, Gaza tem registado uma onda de calor, com temperaturas superiores a 40 graus Celsius. A desidratação está a aumentar devido à falta de água", informou o comunicado. 

A UNRWA vincou que, "em média, todas as semanas são registados 10.300 casos de doenças infecciosas devido ao acesso limitado a água potável, à sobrelotação e às más condições sanitárias". 

A guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque de proporções sem precedentes realizado pelo movimento islamita palestiniano em 07 de outubro de 2023 em território israelita, já fez cerca de 1.200 mortos, na maioria civis, e 251 reféns.

A guerra no enclave palestiniano fez, até agora, 62.122 mortos, na maioria civis, e 156.758 feridos, além de milhares de desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.

Prosseguem também diariamente as mortes por fome, causadas pelo bloqueio de ajuda humanitária durante mais de dois meses, seguido da proibição israelita de entrada no território de agências humanitárias da ONU e organizações não-governamentais (ONG).

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, comandado pelo Hamas, estima que pelo menos 269 pessoas tenham morrido de fome desde o início da ofensiva, 112 delas menores de idade.

Leia Também: Israel pede a pessoal médico para abandonar cidade de Gaza

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