A Frente Antirracista, que representa várias associações e movimentos, acusou hoje o Governo de usar os imigrantes como "bode expiatório" para resolver problemas do país, considerando o novo pacote de política migratória um retrocesso de cerca de 30 anos.
"O nosso objetivo é demonstrar que somos totalmente contra as leis que o Governo está a apresentar hoje na AR", disse Henrique Chaves, da Frente Antirracista, lamentando também que o executivo esteja "a instrumentalizar a PSP para combater os imigrantes".
A Frente Antirracista realizou uma conferência de imprensa em frente à Assembleia da República no dia em que o Governo apresenta no parlamento as propostas de alteração às leis da nacionalidade e dos estrangeiros e a criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF) na PSP.
Dando conta de uma posição conjunta de 14 organizações, Henrique Chaves manifestou-se "contra esta viragem de políticas específicas do Governo contra os migrantes em Portugal", considerando que significa "um retrocesso político" para os estrangeiros que vivem em Portugal.
"As leis da imigração e da nacionalidade hoje discutidas vão implicar que uma grande percentagem de imigrantes vivam maior precariedade, com menos direitos, mais expostos a redes de tráfico e ao trabalho em precariedade", disse, precisando que "é um retrocesso muito grande".
O ativista considerou também que nos últimos 15 anos as leis de imigração foram melhorando, bem como a lei da nacionalidade.
Para a Frente Antirracista, o Governo ao apresentar as medidas sobre imigração como primeiras propostas desde que tomou posse "demonstra que a agenda é colocar os imigrantes no centro dos problemas do país e não resolver os problemas".
"Há problemas na saúde, transportes, habitação, educação e o Governo preocupa-se em atacar os imigrantes. Colocar os imigrantes como bode expiatório para os problemas do país é fácil, é bom para o Governo e ajuda a que tenha palco na extrema-direita e nos neonazis", disse, frisando que os estrangeiros que vivem em Portugal "vão continuar precários".
Henrique Chaves disse ainda que a Frente Antirracista pretende alargar a luta contra o Governo a mais associações e marcar uma manifestação, afirmando que "o Governo fez isto muito rápido e de uma forma muito ágil" e não foi possível ter "uma resposta na rua" para manifestar uma posição contra as novas propostas apresentadas pelo atual Governo para alteração da Lei da Nacionalidade, da Lei dos Estrangeiros e para a criação da Unidade Nacional de Estrangeiros e Fronteiras (UNEF).
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