Fecho de urgências na Margem Sul 'levou' grávida até Cascais. Bebé morreu

Mulher de 38 anos foi levada para o Hospital de Cascais, a mais de uma hora de distância da sua casa, mais de duas horas depois do seu primeiro pedido de ajuda. O bebé não sobreviveu.

Mulher grávida, gravidez

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Andrea Pinto
04/07/2025 08:41 ‧ há 7 horas por Andrea Pinto

País

Grávida

Uma mulher grávida de 31 semanas perdeu o bebé que esperava. O caso, confirmou fonte dos Bombeiros Voluntários do Barreiro ao Notícias ao Minuto, aconteceu na madrugada do dia 3 de julho, esta quinta-feira. 

 

Por volta das 23 horas, de terça-feira, uma grávida, de 38 anos, natural do Barreiro, decidiu ligar para o SNS 24 por ter deixado de sentir o seu bebé, noticiou a RTP.

O Centro de Contacto do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deixou-a sem resposta, tendo a mulher decidido ligar para o 112 para reportar o seu estado de saúde.

A ajuda viria por parte dos Bombeiros do Barreiro, que acabaram por ser ativados já de madrugada - pelas 01h55.

Ao chegarem ao local, foi diagnosticada uma hemorragia interna à doente, momento em que se ativou uma viatura de emergência médica. Os paramédicos deram início a manobras para estabilizar a grávida, ao mesmo tempo que tentavam descobrir qual era o serviço de urgências obstétricas mais próximo.

Na Margem Sul, onde a mulher reside, todos os serviços de urgência desta especialidade estavam encerrados. Quer o Hospital do Barreiro, como o de Setúbal, como o Garcia da Orta, em Almada, não estavam disponíveis para prestar auxílio à mulher - que acabou por ser transportada para o Hospital de Cascais, a mais de uma hora de distância.

Segundo a RTP, o Hospital de São Bernardo, em Setúbal, era o que deveria estar aberto. Contudo, pelas 22 horas decidiu fechar o serviço alegando sobrelotação.

Durante o percurso até Cascais, a grávida sofreu um descolamento da placenta, e  quando chegou à unidade de saúde o feto já estava sem vida.

Sabe-se ainda que a doente já tinha um historial de descolamento de placentas. A RTP questionou a direção executiva do SNS e os serviços partilhados do Ministério da Saúde sobre o sucedido. Até agora, não obteve respostas.

Grávidas vivem situação preocupante em Portugal

O caso desta mulher surge depois de, a 22 de junho, uma mulher ter sido atendida em cinco unidades hospitalares em 13 dias, referindo queixas de dores, tendo o parto sido realizado na Unidade Local de Saúde (ULS) de Santa Maria, em Lisboa, em 22 junho, onde, "pouco tempo depois, a recém-nascida morreu".

A Direção-Executiva do Serviço Nacional de Saúde (DE-SNS) em resposta ao sucedido defendeu que "terá sido garantido o acesso aos cuidados de saúde" à grávida e que a resposta das unidades hospitalares é "congruente com os protocolos de referenciação e de acesso em vigor".

A DE-SNS assegurou, contudo, que "da análise efetuada" apurou-se "que, em todos os momentos, terá sido garantido o acesso aos cuidados de saúde dentro dos parâmetros assistenciais definidos para o atendimento".

Grávida com dores queixou-se em 5 hospitais. Bebé morreu após nascimento

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Uma mulher, identificada como E.C., explica que passou por cinco unidades hospitalares em 13 dias - com queixas de dores. Acabou no Hospital de Santa Maria, onde deu à luz. Pouco tempo depois de ter a bebé, a recém-nascida morreu.

Notícias ao Minuto | 23:14 - 29/06/2025

Ministra quer resolver. Demissão não é solução

A ministra da Saúde Ana Paula Martins, cujo mandato tem sido negativamente marcado pelo caos que se vive no Serviço Nacional de Saúde também reagiu ao sucedido, dizendo que a solução é assumir as responsabilidades e resolver os problemas.

Questionada pelos jornalistas sobre o que iria fazer neste caso, tendo em conta que a sua antecessora no cargo se demitiu na sequência da morte de uma grávida transferida por falta de vagas na neonatologia do Hospital de Santa Maria, Ana Paula Martins respondeu: "A forma como eu vejo o exercício da governação é assumir responsabilidades resolvendo os problemas, e não demitindo-me".

Leia Também: Grávida que perdeu bebé? Solução é "resolver problemas, não demitir-me"

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