"Eu não disse que José Sócrates tinha de provar o que quer que seja"

O Procurador-Geral da República disse hoje que as suas declarações foram mal interpretadas, que nunca disse que José Sócrates tinha de provar a sua inocência, mas sim que o julgamento é o local próprio para a prova de inocência.

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04/07/2025 14:47 ‧ há 6 horas por Lusa

País

Amadeu Guerra

"Eu não disse que o engenheiro José Sócrates tinha de provar o que quer que seja, nem tinha que provar a sua inocência, eu não referi isso, disse que haveria uma oportunidade em julgamento para fazer a prova de inocência. Só isso. Para se provar a inocência, ele fará, se quiser. Se os factos que o Ministério Público invoca não se provarem, não é preciso mais nada", explicou Amadeu Guerra a propósito de declarações suas proferidas ao jornal Observador há uma semana.

 

O Procurador-Geral da República falava hoje aos jornalistas no Tribunal de Almada, no âmbito de uma visita de trabalho à Comarca de Lisboa.

José Sócrates criticou as declarações de Amadeu Guerra ao Observador quando disse que se deveria "dar oportunidade a Sócrates para provar a sua inocência", tendo apresentado um pedido de recusa do procurador-geral da República.

Para o ex-primeiro-ministro, Amadeu Guerra coloca o ónus da prova no cidadão, que tem de provar a sua inocência, em vez de ser o Estado a provar a culpa.

Hoje Amadeu Guerra disse não estar arrependido das declarações, considerando que foram mal interpretadas e explicou que há muitos anos que o Ministério Público sempre foi acusado de que os factos da investigação eram uma farsa, que a acusação era mal construída e sem factos.

"Face às declarações anteriores sobre a inexistência de factos, sobre a inexistência de razões para fazer acusações, (...) tenho a perceção de que [Sócrates] iria provar em julgamento que tudo era uma farsa. Portanto, o que eu disse foi que esta é a altura própria para discutirmos essa questão, em julgamento", sustentou.

Amadeu Guerra disse ainda que, daquilo que percebeu ontem nas alegações iniciais feitas pelo advogado de José Socrates, a expressão utilizada foi: "Iremos demonstrar a inocência de José Sócrates".

"Portanto, não fui só eu a referir isso. E o que eu ouvi ontem é aquilo que está subjacente à minha intervenção. Isto é, é no julgamento que se fazem essas situações", frisou.

Onze anos após a detenção de José Sócrates no aeroporto de Lisboa, arrancou na quinta-feira o julgamento da Operação Marquês, que leva a tribunal o ex-primeiro-ministro e mais 20 arguidos e conta com mais de 650 testemunhas.

Estão em causa 117 crimes, incluindo corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal, pelos quais serão julgados os 21 arguidos neste processo. Para já, estão marcadas 53 sessões que se estendem até ao final deste ano, devendo no futuro ser feita a marcação das seguintes e, durante este julgamento serão ouvidas 225 testemunhas chamadas pelo Ministério Público e cerca de 20 chamadas pela defesa de cada um dos 21 arguidos.

[Notícia atualizada às 15h52]

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