Com 985 militantes inscritos, a X Convenção Nacional da IL, que se realiza este sábado em Alcobaça, no distrito de Leiria, vai eleger Mariana Leitão, que se apresenta a eleições para líder do partido como candidata única, mas também debater e votar 19 moções setoriais.
Sem ter apresentado qualquer candidato alternativo na disputa pela liderança, a oposição interna da IL apostou em várias moções setoriais para criticar o rumo da atual direção, com particular foco na defesa dos direitos sociais e das minorias.
Há um total de cinco moções relacionadas com direitos sociais, minorias ou imigração, entre as quais uma, com o título "Orgulho, igualdade e liberdade: o compromisso liberal", que considera que a IL tem dado "atenção insuficiente" à defesa das liberdades individuais.
Os subscritores pedem que a IL rejeite "conceitos deshumanizantes", como "ideologia de género" ou "movimento 'woke'" e defenda "todas as minorias, incluindo pessoas LBGTQIA+, étnicas, religiosas, imigrantes, pessoas com deficiência e outras comunidades marginalizadas".
Outra moção, com o título "Contra o ódio, a liberdade!", pede que a IL seja "tão vocal na defesa das liberdades políticas sociais e individuais como tem sido na defesa da liberdade económica", num contexto de crescimento do discurso e dos crimes de ódio. ´
"Que a comunicação oficial da IL não fique em silêncio perante crimes de ódio ou ameaças evidentes ao Estado de Direito democrático", pedem os subscritores, duas semanas depois de cerca de 50 militantes terem criticado a abstenção da IL num voto de condenação ao ataque à companhia de teatro "A Barraca".
Também num sentido crítico da atual direção, outra moção aborda as alterações à lei da nacionalidade impostas pelo Governo, e que mereceram o voto favorável da IL na generalidade, criticando o alargamento para os 10 anos do prazo de residência para se poder obter a nacionalidade e pedindo que o partido se oponha a esse desígnio.
Fora estas moções mais críticas, os membros da IL focam-se na necessidade de alargar o espetro eleitoral do partido, com uma das moções, intitulada "Abertura e acolhimento", a considerar que o eleitorado potencial da IL é "bem maior" do que o atual, "seguramente nos dois dígitos", e o partido precisa de "crescer mais".
"Não estamos a captar as periferias, sobretudo as rurais, e, mesmo no voto que captamos, a retenção é frágil", consideram estes subscritores.
Outra das moções, intitulada "Feminismo é liberalismo" e assinada pelo deputado Rodrigo Saraiva, defende que o partido tem "espaço para crescer" junto das mulheres, pedindo que a IL não deixe esse eleitorado ser "monopolizado pela esquerda" e que comece a defender um "feminismo liberal", que remova "barreiras à autonomia das mulheres e promova a sua plena participação na sociedade".
Entre os atuais deputados, Rodrigo Saraiva é o mais ativo, subscrevendo um total de quatro moções, sendo o primeiro signatário de uma moção que pede que a IL continue a ser uma "voz ativa" na defesa da democracia e liberdade a nível internacional e que exija ao Governo que se "oponha a retrocessos democráticos dentro da UE", que consideram estarem a verificar-se na Hungria, Espanha e Polónia.
Entre os diferentes temas que vão ainda a debate, uma das moções aponta já às eleições autárquicas de 2029, preconizando um conjunto de medidas para garantir que a IL se afirma como "um partido autárquico" e fique "menos dependente de outros partidos".
Outra pede à IL que assuma a "liderança na modernização democrática" e defenda o voto eletrónico, implementado de forma faseada, a começando pelos círculos eleitorais da emigração e por quem se inscreve na modalidade de voto antecipado em mobilidade.
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