"Infelizmente, aquilo que verificamos em todas as geografias é que, cada vez mais, é preciso fazer alianças políticas entre as diferentes forças políticas, do que apenas concorrer 'orgulhosamente sós'. Porque se queremos, de facto, fazer a diferença em política é necessário saber dialogar, é necessário também sabermos fazer cedências naquilo que diz respeito muitas vezes às opções das candidaturas", declarou à Lusa Inês Sousa Real.
O PAN apresentou hoje uma candidatura própria à Câmara Municipal da Maia, encabeçada por Paula Neves, no distrito do Porto, mas também tem optado por apoiar candidatos de outros partidos tanto à esquerda (como é o caso da socialista Alexandra Leitão em Lisboa), como à direita (como o social-democrata Cristóvão Norte em Faro).
Inês Sousa Real recusou que esses apoios demonstrem uma dualidade de critérios afirmando que, na sua perspetiva, não se pode ignorar "as dinâmicas locais, que são sempre muito particulares".
"Na coligação de Faro, o PAN apoia Cristóvão Norte, porque é um nome incontornável da causa animal (...) e, recordo, foi um dos autores da lei que criminalizou os maus-tratos a animais de companhia em Portugal em 2014. Tem sido também um aliado e votado ao lado do PAN, por exemplo, quando propusemos a abolição das touradas na Assembleia da República. Voto esse que lhe valeu na altura um processo disciplinar", justificou a líder partidária.
Há cerca de uma semana, Carlos Macedo, da Comissão Política Nacional do PAN, anunciou a desfiliação do partido, que acusou de estar "sem rumo, completamente à deriva" e criticou algumas coligações do partido.
"Depois do incompreensível acordo, em 2023, com o PSD e o CDS na Madeira, este ano o PAN repete o desastre, ao integrar a coligação para as eleições autárquicas em Faro com o PSD, a IL e o CDS. Sim, o CDS, o CDS que dá tudo por uma tourada. Mas, se em Faro a coligação é com o PSD, o CDS e a IL, no concelho ao lado é com o Livre e o BE. Que falta de coerência", afirmou à data.
Inês Sousa Real considerou que a coligação em Faro dá a oportunidade de trazer forças políticas como a Iniciativa Liberal e o CDS a "aproximarem-se da política do PAN e daquilo que o PAN defende para a causa animal".
"Nós o que queremos é, precisamente, transformar a sociedade e também fazer despertar as outras forças políticas para aquilo que é a nossa preocupação com o ambiente, com os animais e, como é evidente, com uma sociedade mais justa e até sustentável do ponto de vista do desenvolvimento, em que temos um progresso económico que não deixe, de facto, ninguém para trás, mas que tenha uma visão de sustentabilidade e economia verde que, muitas das vezes, não está presente na agenda política desses partidos", explicou hoje a porta-voz do PAN à Lusa.
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