"Acho muito estranho que se retirem conteúdos que são factos científicos e que é óbvio que é fundamental serem lecionados aos alunos", afirmou Mariana Leitão, em declarações aos jornalistas no Palácio de Belém, sobre as alterações que o executivo pretende fazer à disciplina de Cidadania.
A líder da IL disse que "o Estado não pode estar de lado nenhum de qualquer questão ideológica", mas tem de "garantir a melhor formação possível [aos alunos], de forma abrangente, adaptada às idades".
"Acho estranho que se tenham retirado conteúdos como a educação sexual, que é uma questão profundamente científica, factual e que é óbvio que é importante serem lecionados aos alunos de acordo com a sua idade", referiu.
No entanto, Mariana Leitão frisou que prefere "aguardar para ver o que é que sai desta revisão que o Governo anunciou estar a fazer, e que está agora em consulta pública", para se pronunciar com mais profundidade.
"Não quero estar a pronunciar-me com base em eventuais especulações ou informação que não seja o mais fidedigna possível", referiu.
Sobre a reação da ministra da Saúde ao relatório da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) que indica que a morte de um homem de 86 anos em Bragança poderia ter sido evitada durante a greve do INEM, Mariana Leitão disse que esta situação justifica a necessidade de uma comissão parlamentar de inquérito ao funcionamento do instituto.
"É fundamental apurarmos a fundo o que é que se passa no INEM, o que é que causou todas estas situações, apurarmos as responsabilidades políticas", disse.
Relativamente a uma eventual demissão da ministra da Saúde, Mariana Leitão considerou que cabe à governante "fazer a avaliação da sua própria consciência" e, se, "como diz que tem estado sempre tranquila, se continua tranquila ou não".
Mariana Leitão indicou ainda que se reuniu com Marcelo Rebelo de Sousa para apresentar cumprimentos, após ter sido eleita líder da IL este sábado, e destacou que o seu partido apresentou hoje um projeto de lei para acabar com "nomeações políticas para reguladores, nomeadamente o caso do Banco de Portugal", e que a escolha passe a ser feita em concurso público.
A líder da IL disse que o intuito do diploma é acabar com as "portas giratórias", considerando que foi o que se verificou na nomeação do atual governador do Banco de Portugal, Mário Centeno.
"Portanto, deixo também o desafio ao senhor primeiro-ministro para que garanta que nesta nova nomeação, que será feita, e que obviamente ainda será por nomeação, que garanta que não há qualquer nomeação por cartão partidário ou por proximidade política, mas sim alguém competente para o cargo", desafiou.
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