O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo afirmou, esta terça-feira, que não se orienta pelas sondagens e que em janeiro "essas dúvidas serão tiradas". "Se me orientasse pelas sondagens não fazia metade do percurso que fiz até agora. Em janeiro, esse resultado, essas dúvidas serão tiradas", disse em declarações ao canal NOW.
Posteriormente, enquanto falava aos jornalistas após ter participado na conferência 'Estoril Talks', o ex-chefe de Estado-Maior da Armada relativizou a importância de recentes sondagens que apontam agora para um maior equilíbrio entre a sua candidatura e as dos antigos líderes do PSD e do PS, respetivamente Marques Mendes e António José Seguro.
De notar que, no mais recente barómetro da Intercampus para o Correio da Manhã, CMTV e Jornal de Negócios, o almirante Gouveia e Melo surge num "quase empate técnico" com Luís Marques Mendes e António José Seguro.
Embora continue a liderar as intenções de voto dos portugueses nas Presidenciais de 2026, o o antigo chefe do Estado-Maior da Armada afundou 6,7 pontos percentuais face à sondagem de junho, na qual reunia 27,3% das intenções de voto.
Já em julho, 20,6% dos portugueses inquiridos admitiram votar em Henrique Gouveia e Melo. Saliente-se que, em março, o almirante era o favorito da população, com 35,6% das intenções de voto.
Recorde-se que uma sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF, JN e O Jogo, entre os dias 23 e 26 de fevereiro, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país, mostrava que Gouveia e Melo liderava as preferências na corrida a Belém.
Revisão do currículo da disciplina de cidadania? "Há temas mais importantes"
Também quando foi questionado sobre a controvérsia política em torno da revisão do currículo da disciplina de cidadania, o candidato presidencial disse apenas de forma genérica que o seu grande objetivo é ter "uma educação de qualidade" e considerou que "há temas mais importantes como a habitação, a saúde, a imigração ou a defesa".
Mais incisivo revelou-se Henrique Gouveia e Melo na parte final da sua participação na conferência 'Estoril Talks', quando respondia a perguntas formuladas pelos convidados. Nessa altura, confidenciou que a sua preocupação até agora tem sido a de "convencer a bolha mediática", procurando desmontar de que a sua candidatura representa um perigo para a democracia.
Prometeu logo aí uma nova fase a partir de setembro, altura em que garantiu que passará a assumir posições sobre aspetos políticos mais concretos.
A seguir, em declarações aos jornalistas, repetiu as críticas à "bolha mediática" e confirmou essa sua segunda fase de intervenção a partir de setembro.
Referiu que, de alguma forma, é "um corpo estranho ao que era normal em termos de candidatos presidenciais, em termos de sistema político-partidário".
"É natural que a bolha mediática e o sistema reajam contra esse corpo estranho, mas tenho de me habituar a isso, porque faz parte da vida. É isso que faço, habituar-me a essa reação, que às vezes é um bocado corporativa", advogou.
Interrogado se essa sua condição de candidato presidencial sem máquina partidária e sem apoios dos grandes partidos é vantagem ou desvantagem na corrida a Belém, Gouveia e Melo deu uma resposta telegráfica: "Os portugueses dirão em janeiro de 2026".
Mas, nas respostas que deu aos convidados presentes na conferência, deixou várias críticas à classe política, embora sem especificar partidos, dizendo, entre outras coisas, que há quem procure "infantilizar" os portugueses, o que constitui uma atitude "antidemocrática".
Em relação à questão da revisão do regime de entrada e permanência de estrangeiros em Portugal, o almirante deixou também uma advertência em forma de pergunta: "Queremos estar mais isolados e correr o risco de não desenvolvermos tanto a nossa economia?"
"Imigração, saúde e habitação são os problemas que vão marcar os próximos cinco anos", acrescentou o candidato presidencial, que prometeu "tudo fazer para aumentar a força anímica dos portugueses".
Neste contexto, Gouveia e Melo colocou como meta central de ação, se for eleito chefe de Estado, "usar a magistratura de influência" junto dos outros órgãos de soberania para a "definição de objetivos coletivos" de interesse nacional.
Mesmo antes do final da conferência, um dos presentes no almoço confrontou o almirante com a sua polémica frase de que preferia uma corda ao pescoço do que ser candidato presidencial. Gouveia e Melo, na resposta, argumentou que essa sua reação tem de ser situada no tempo e no contexto que se vivia no país.
"Se admitisse alguma coisa nessa altura estaria a condenar todo o processo de vacinação", alegou.
Recorde-se que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ainda não anunciou a data escolhida para as eleições presidenciais.
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