O líder socialista falava aos jornalistas no final de uma audiência, a seu pedido, com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que decorreu na residência oficial do chefe do executivo e que durou cerca de duas horas.
"Foi transmitido ao senhor primeiro-ministro que, se quer o diálogo com o PS, é com o PS que deve dialogar", disse, no final do encontro aos jornalistas.
José Luís Carneiro avisou que "o PS não é um partido qualquer", que "desde a clandestinidade lutou pelas liberdades, pelos direitos e pelas garantias fundamentais".
"E é esse respeito institucional por aqueles que são os valores fundadores deste país que exigem que o diálogo deva ser construtivo e deva ser um diálogo que coloca as coisas no seu devido lugar", defendeu.
Segundo o líder do PS, "há matérias para o consenso e há matérias para o dissenso" e o princípio que ficou estabelecido com o primeiro-ministro "é de que este diálogo se manterá no futuro".
"Foi uma conversa muito construtiva e voltamos a reiterar a vontade de manter este diálogo, muito particularmente para alturas de setembro, em que teremos que abordar também algumas destas matérias e outras matérias que, entretanto, virão a estar no centro das nossas preocupações políticas", enfatizou.
Questionado sobre o próximo Orçamento do Estado, Carneiro respondeu que este assunto "não foi objeto de qualquer conversa hoje" com o primeiro-ministro.
O diálogo com o PS, segundo o secretário-geral do partido, deve ser nas áreas de "consenso democrático" como a política externa, defesa, segurança interna, justiça e reforma do Estado".
"Naturalmente que há as matérias da divergência e da oposição firme, matérias que têm que ver com a forma como se abordam as questões da saúde, da habitação, da legislação laboral, as formas como se respondem às preocupações que dizem respeito à vida das pessoas, ao aumento do custo de vida", referiu.
Um dos temas destacados pelo líder do PS sobre esta conversa com o primeiro-ministro prendeu-se com a questão da Palestina.
"Não pode este assunto ser tratado com insensibilidade e é muito importante que Portugal acompanhe os esforços que estão a ser feitos por outros países no sentido de podermos reconhecer a Palestina e, ao mesmo tempo, garantir no quadro multilateral o apoio às populações que têm vindo a viver momentos dramaticamente difíceis", apelou.
A questão das alterações à legislação laboral que estão a ser preparadas pelo Governo mereceu a crítica de Carneiro após a reunião.
"Temos que aguardar por aquilo que vai acontecer em sede de Concertação Social, mas pudemos dar conta da nossa preocupação, particularmente, na precariedade nos mais jovens e no prolongamento dos contratos de seis meses para um ano e de dois para três anos no que respeita aos contratos com os mais jovens", referiu.
Estes são aspetos que preocupam o PS, que defende "a contratação coletiva e o trabalho com dignidade e justamente remunerado", acrescentou o seu líder.
A questão das tarifas e do acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia também não ficou de fora desta conversa entre os líderes do PS e do PSD.
Carneiro quer "equipas preparadas para avaliar os impactos" destas tarifas e "garantir apoios para a internacionalização e a diversificação de mercados por parte dessas mesmas empresas", tal como aconteceu no Brexit quando foi criada uma "equipa transversal aos diferentes ministérios e pôde avaliar-se os riscos e também as oportunidades" no apoio às empresas.
[Notícia atualizada às 20h59]
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