Paz na Ucrânia? Negociar primeiro com a Rússia é deixar "feridas abertas"

O chefe da diplomacia portuguesa advertiu hoje que dar prioridade à Rússia nas conversações para acabar com a guerra na Ucrânia pode criar condições para um "conflito persistente", num encontro com legisladores luso-americanos em Lisboa.

Paulo Rangel, ministro dos Negócios Estrangeiros,

© Marcos del Mazo/LightRocket via Getty Images

Lusa
01/07/2025 18:52 ‧ há 8 horas por Lusa

País

Negócios Estrangeiros

"Nenhum de nós quer uma vitória russa na Ucrânia; todos nós queremos a paz. Mas há diferenças quanto à forma como alcançaremos esses objetivos a longo prazo", defendeu Paulo Rangel, numa intervenção no encontro "IX Luso-American Legislators Dialogue", na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD).

 

No discurso, a que a Lusa teve acesso, o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros insistiu que "a única maneira" de se resolverem essas diferenças é "através do diálogo, primeiro uns com os outros, com a Ucrânia, é claro, e depois com a Rússia".

"Inverter essa ordem é deixar questões sem solução, deixar feridas abertas e criar as condições para um conflito persistente", avisou.

Rangel notou que os Estados Unidos (EUA) "são fortes o suficiente para intervir de forma decisiva em vários conflitos, sem envolver os seus aliados europeus", como fez recentemente no Irão, mas "muitas vezes não foram bons em manter a paz sem envolver os seus aliados".

O governante abordou também a guerra comercial entre os EUA e a Europa, após a decisão do Presidente Donald Trump de aumentar as tarifas aos países da União Europeia, medida à qual a Comissão Europeia prometeu retaliar.

Rangel pediu que o comércio seja "um elemento que una", defendendo que "o protecionismo não é uma receita para a prosperidade".

"Infelizmente, estamos a entrar numa situação em que o protecionismo é a regra, não a exceção, e será difícil reduzir as tarifas, os subsídios e a regulamentação. Isto não é bom para ninguém", avisou.

Para Rangel, o comércio livre teve "alguns efeitos negativos", mas "o resultado líquido é esmagadoramente positivo".

"Como aliados, não podemos dar-nos como garantidos e certamente não podemos assumir que as gerações futuras irão beneficiar das perturbações que provocamos, voluntária ou involuntariamente", sustentou.

Na intervenção, o ministro português destacou o "enorme sucesso" da cimeira da NATO que decorreu na semana passada em Haia, nos Países Baixos, e em que foi decidido o aumento das contribuições para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados-membros até 2035.

"Reafirmámos o nosso compromisso mútuo como aliados, numa altura em que muitos -- especialmente os nossos concorrentes -- questionam esse compromisso", considerou.

"Estamos cientes da necessidade de fazer mais, uma vez que as ameaças persistem e até se intensificam. Reconhecemos que nem todos os aliados estão na mesma situação, mas também percebemos que a nossa força vem da unidade", salientou.

A decisão da NATO contou com a voz dissidente de Espanha, cujo chefe do Governo, Pedro Sánchez, garantiu que o investimento em defesa não ultrapassaria os 2,1% do PIB.

Leia Também: Rangel apela à contenção e a regresso às negociações após ataque do Irão

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