"O procurador da Comissão para a Acusação de Crimes contra a Nação Polaca, em Cracóvia, iniciou uma investigação sobre a negação pública dos factos por parte de Grzegorz Braun", afirmou o Instituto da Memória Nacional (IPN) da Polónia, responsável por crimes de guerra e crimes contra a humanidade, em comunicado.
Na quinta-feira, Braun, o único eurodeputado do KKP no Parlamento Europeu, negou os crimes de genocídio cometidos em Auschwitz por funcionários do Terceiro Reich à estação de rádio Wnet.
Tais afirmações podem constituir "uma ofensa ao abrigo do artigo 55.º da Lei sobre o Instituto da Memória Nacional da Comissão para a Acusação de Crimes contra a Nação Polaca", afirmou o IPN.
"Por vezes, ocorrem acontecimentos em espaços públicos que exigem uma reação forte. Negar o genocídio nazi alemão durante a Segunda Guerra Mundial é inaceitável, vergonhoso e intolerável", declarou Adam Bodnar, procurador-geral da Polónia, na rede social X, num gesto de apoio à iniciativa contra Braun.
A investigação de Braun pode dar origem a uma coima ou mesmo a uma pena de prisão até três anos, declarou o IPN, na mesma nota.
Grzegorz Braun, de 58 anos, deputado do Parlamento Europeu, já tinha sido acusado de antissemitismo.
Em 2023, o eurodeputado polaco apagou as velas de uma celebração religiosa judaica (Hanukkah) no Parlamento Europeu com um extintor contra incêndios.
No dia 10 deste mês, o eurodeputado voltou a evocar mentiras sobre a cultura judaica e a negar o Holocausto.
"O assassínio ritual foi um facto e Auschwitz e as câmaras de gás foram, infelizmente, uma farsa", declarou Braun na quinta-feira à rádio polaca Wnet.
Após as declarações do deputado, o jornalista que conduzia a emissão terminou de imediato a entrevista.
Alguns cristãos da Europa medieval acreditavam que os judeus assassinavam cristãos para usar o sangue para fins rituais.
Segundo os historiadores, as acusações dos cristãos durante a Idade Média não têm qualquer base na lei religiosa judaica ou em factos históricos e refletem, pelo contrário, a hostilidade contra os judeus na Europa.
Na Polónia, negar a existência das câmaras de gás nazis não é apenas uma manifestação de antissemitismo, mas um crime punível pela lei.
As forças nazis alemãs assassinaram cerca de 1,1 milhões de pessoas no complexo de extermínio de Auschwitz, no sul da Polónia, que esteve sob ocupação alemã durante a Segunda Guerra Mundial.
Leia Também: Recusada entrada a 39 pessoas devido a controlos fronteiriços na Polónia