Os manifestantes entregaram uma carta dirigida ao Procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, na qual pedem que se interesse pessoalmente pelos casos dos detidos e exigem explicações sobre a paralisação das libertações, que, dizem, estão paralisadas desde março último.
No documento, divulgado pela imprensa local, alertam que a saúde dos detidos "continua a enfraquecer" com muitos deles s sofrer de "infeções cutâneas e renais, assim como de problemas de tensão, respiratórios e gástricos", salientando que "a grande maioria apresenta sintomas de depressão e dificuldade em dormir", e sofre de "pânico e ansiedade com a ideia de perder muito mais tempo das suas vidas atrás de umas grades injustas".
Na carta, os signatários afirmam ser " pessoas humildes para quem a vida se torna cada vez mais difícil devido a esta prisão injusta" de jovens de menos de 30 anos detidos no âmbito de protestos após a divulgação dos resultados oficiais das presidenciais de 28 de julho de 2024.
O Comité de Mães pela Verdade, organizador do protesto, insiste que os jovens são inocentes dos crimes de que são acusados, entre eles terrorismo.
A Venezuela realizou eleições presidenciais em 28 de julho de 2024, após as quais o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) atribuiu a vitória ao Presidente e candidato à sua reeleição, Nicolás Maduro, com pouco mais de 51% dos votos.
A oposição contesta aqueles resultados e afirma que Edmundo González Urrutia (atualmente exilado em Espanha) obteve quase 70% dos votos.
O anúncio dos resultados foi objeto de protestos nas ruas, fortemente reprimidos pelas forças de segurança, violência que resultou em 27 mortos e 192 feridos, tendo as autoridades venezuelanas detido mais de 2.400 pessoas, segundo dados oficiais.
Segundo a Organização Não Governamental Foro Penal (FP) a Venezuela tem atualmente 948 pessoas detidas por motivos políticos, das quais 852 são homens e 96 mulheres, 778 civis e 170 militares. Entre os detidos encontram-se 4 adolescentes.
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