"Não há mais espaço no necrotério, os corpos estão na rua" em frente ao hospital, afirmou Omar Obeid, presidente da secção de Sweida da Ordem dos Médicos local, à agência de notícias France-Presse (AFP).
Os confrontos começaram no domingo à noite entre combatentes drusos e tribos beduínas locais antes da intervenção das forças do governo sírio, acusadas de também terem combatido os grupos drusos.
A violência já provocou pelo menos 60 mil deslocados, sendo impossível uma estimativa imparcial do número de mortos, declararam hoje as agências da ONU.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) afirmou que estes deslocamentos foram registados nos últimos três dias.
O ACNUR é a única organização internacional com presença direta naquela cidade síria, onde conta com 18 colaboradores, que tiveram de ser retirados da região devido à insegurança.
No entanto, a organização já tinha conseguido reafetar mantimentos de emergência e estava a trabalhar na criação de centros de abrigo coletivo para pessoas que tiveram de fugir da violência na área.
Uma porta-voz do Gabinete de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, disse que conseguiram recolher informações em primeira mão de familiares de vítimas e testemunhas das atrocidades cometidas em Sweida, de onde as pessoas continuam a fugir.
Através de canais credíveis, esta agência recebeu relatos de abusos generalizados, incluindo execuções sumárias e assassínios arbitrários, raptos, destruição de propriedade privada e pilhagens de casas.
"Os alegados perpetradores incluem membros das forças de segurança e indivíduos afiliados das autoridades provisórias, bem como outros elementos armados na área, incluindo drusos e beduínos", afirmou.
As autoridades sírias negaram já que as tropas regulares estejam a preparar para um novo destacamento em Sweida, na sequência de novos combates entre militantes drusos e beduínos apoiados pelas forças de segurança.
A organização não-governamental (ONG) Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) avançou que mais de 590 pessoas morreram desde o início dos confrontos na semana passada, entre milicianos drusos e beduínos apoiados por tribos árabes e forças de segurança.
A situação levou Israel a bombardear alvos de tropas governamentais em Sweida e até a sede do Ministério da Defesa sírio em Damasco, ameaçando adotar novas medidas para proteger membros da minoria drusa, que também vive em Israel.
As autoridades sírias que derrubaram o regime do ex-presidente Bashar al-Assad em dezembro, lideradas pelo grupo militante islâmico sunita Hayat Tahrir al-Sham (HTS), prometeram estabilizar a situação.
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