De 1976 a 2005, a Síria de Hafez al-Assad e do filho Bashar exerceu uma tutela sobre o vizinho Líbano, onde manteve vários aliados, entre os quais o partido pró-iraniano Hezbollah.
A queda, em dezembro de 2024, de Bashar al-Assad marcou uma viragem importante no Líbano, perturbando o equilíbrio do poder político no preciso momento em que o Hezbollah saía enfraquecido da guerra com Israel.
O Governo anunciou na terça-feira a decisão de mudar o nome da avenida que conduz ao aeroporto internacional através do sul de Beirute, um reduto do Hezbollah.
"Hafez al-Assad foi remetido para o caixote do lixo da História, Ziad Rahbani é o nome da avenida para o aeroporto para sempre", congratulou-se o deputado Mark Daou nas redes sociais, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O dramaturgo e ator Ziad Itani também se congratulou com a mudança de nome, lembrando que Hafez al-Assad está "associado a (...) períodos negros da história libanesa, marcados por massacres, atrocidades e assassinatos".
Hafez al-Assad foi Presidente da Síria de 1971 até morrer em 2000, e foi substituído pelo filho, Bashar al-Assad, que vive exilado na Rússia desde que foi derrubado por uma coligação de forças rebeldes.
Após a retirada da Síria do Líbano, em 2005, vários monumentos erguidos em homenagem à família Assad foram desmantelados pelo exército libanês.
A mudança de nome da avenida surge numa altura em que o Governo deu instruções ao exército para desarmar o Hezbollah até ao final de 2025, uma medida sem precedentes.
"Honestamente, é a decisão que mais me alegra", disse à AFP Hassan Roumani, que viaja diariamente na estrada do aeroporto a sul de Beirute.
"Sempre que conduzia pela autoestrada Assad, tinha a impressão de que Hafez al-Assad e o exército sírio ainda estavam presentes no Líbano. Agora, psicologicamente, sinto-me aliviado: esse período acabou, e para sempre", acrescentou.
Apesar de Ziad Rahbani, filho da diva Fairouz, encarnar uma forma de unidade nacional através da sua obra, profundamente enraizada na cultura popular, a decisão não mereceu a aprovação unânime, nomeadamente dos apoiantes do Hezbollah.
A mudança de nome é "totalmente inaceitável, pois é o resultado de maldade política", comentou Fayçal Abdel Sater, um analista próximo do Hezbollah, nas redes sociais.
Ziad Rahbani, filho do ícone da canção árabe Fairouz e precursor do jazz oriental, morreu em 26 de julho, aos 69 anos, depois de ter revolucionado o mundo da canção e do teatro no Líbano.
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