Um prisioneiro no Tennessee, nos Estados Unidos, sofreu uma execução dolorosa por injeção letal, porque o pacemaker, aparelho que regula os batimentos cardíacos, não foi desativado, noticiou a Associated Press (AP).
As autoridades do estado norte-americano executaram o prisioneiro Byron Black sem desativar o desfibrilhador, sublinhando que não havia conhecimento dos efeitos que os produtos químicos letais poderiam ter com um implante no coração.
Byron Black, após a injeção letal, conseguiu dizer que estava em sofrimento, segundo as testemunhas.
Black, que morreu às 10h43 (4h00 em Portugal), olhou para a sala quando a execução começou e era possível ouvir o "detido a suspirar e a respirar pesadamente", de acordo com testemunhas ouvidas pela AP.
O detido foi executado depois de ter sido discutido em tribunal se as autoridades precisavam de desligar o cardioversor-desfibrilhador implantado, um pequeno dispositivo eletrónico alimentado por bateria que é posto no peito cirurgicamente.
O Centro de Informação sobre a Pena de Morte, uma organização sem fins lucrativos, referiu que não conhece mais casos em que os detidos tenham feito declarações semelhantes às de Byron Black, sublinhando que a sua defesa também não encontrou um caso comparável.
Os advogados de Black argumentaram que, mesmo que a droga letal utilizada, o pentobarbital, deixe alguém sem reação, essa pessoa não está necessariamente inconsciente ou incapaz de sentir dor.
Em meados de julho, um juiz de primeira instância concordou com os advogados do detido de 69 anos e decidiu que as autoridades tinham de desativar o dispositivo para evitar o risco de causar dor desnecessária e prolongar a execução.
O Supremo Tribunal estadual interveio na quinta-feira para anular a decisão, alegando que o outro juiz não tinha autoridade para ordenar essa alteração.
O Estado negou que a injeção letal com desfibrilhador implantado pudesse eletrocutar Byron Black e disse que o detido não sentiria nada, de qualquer forma.
Byron Black tinha demência, danos cerebrais, insuficiência renal, insuficiência cardíaca congestiva e outras condições de saúde, deslocando-se numa cadeira de rodas, de acordo com os seus advogados.
O desfibrilador de emergência, como o implantado em Black, aplica uma corrente elétrica quando o paciente se encontra em paragem cardiorrespiratória.
Byron Black foi condenado por matar a tiro a sua namorada, Angela Clay, de 29 anos, e as suas duas filhas, Latoya Clay, de 9 anos, e Lakeisha Clay, de 6 anos, em 1988, numa situação de violência provocada por ciúmes, segundo os procuradores que acompanharam o processo.
Este ano, até hoje, 28 homens foram mortos por ordem judicial nos EUA, e outras oito pessoas deverão ser executadas em sete estados durante o resto de ano.
O número de execuções deste ano, nos EUA, ultrapassa as 25 realizadas no ano passado e em 2018, constituindo o total mais elevado desde 2015, quando 28 pessoas foram executadas.
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