Passageiros judeus, que solicitaram alimentos kosher - que obedecem à lei judaica - num voo da Iberia, que saiu da Argentina com destino a Espanha, receberam refeições que continham bilhetes, escritos à mão, com a mensagem "Palestiva livre".
A situação foi denunciada pela Federação das Comunidades Judaicas em Espanha. Tudo aconteceu no voo Iberia IB0102, de Buenos Aires para Madrid, na manhã de terça-feira.
As mensagens pró-Palestina apareceram na comida kosher que tinha sido solicitada por um grupo judeu a bordo do voo e o episódio levou a organização a pedir explicações à companhia aérea, defendendo que "identificar pessoas judias pela sua comida e dirigir-lhes mensagens políticas constitui um ato antissemita, de acordo com a definição da Aliança Internacional de Memória do Holocausto, adotada por Espanha".
Ao El País, a Iberia disse ter aberto uma investigação interna, mas também aos "fornecedores externos responsáveis pelo catering".
A companhia aérea explicou que "durante o voo, vários passageiros que tinham solicitado comida kosher denunciaram que nas suas bandejas apareceram mensagens manuscritas a favor da Palestina", cita o diário espanhol.
"A tripulação da Iberia documentou o ocorrido e envolveu-se para atender os afetados", disse a companhia, que assegura que "o comandante aproximou-se para pedir desculpas em nome da companhia".
Além disso, disse rejeitar "categoricamente qualquer forma de discriminação, incitação ao ódio ou conduta que atente contra a dignidade das pessoas".
Entretanto, aponta o El País, a Federação das Comunidades Judaicas disse valorizar a investigação, bem como as desculpas apresentadas pela Iberia, mas disse ser necessário "reforçar os controlos de segurança no catering". Além disso, pediu "formação específica sobre antissemitismo para todos os tripulantes", uma medida, defende, que se deve "estender" a "todas as companhias aéreas do grupo".
É de realçar que, no final do passado mês de julho, registou-se outro caso semelhante em Espanha. Mais de 40 menores judeus franceses foram desembarcados em Valência de um voo da Vueling por ordem do comandante.
A companhia aérea defendeu que o grupo "manipulava os equipamentos de segurança dos passageiros (entre eles coletes salva-vidas e máscaras de oxigénio), o que representava um alto risco para a aeronave, os passageiros e a tripulação", mas a Federação das Comunidades Judaicas em Espanha falou em discriminação.
Em guerra com o Hamas desde o ataque do movimento islamita palestiniano contra Israel, a 7 de outubro de 2023, o governo israelita enfrenta uma crescente pressão para encontrar uma solução para o conflito em Gaza.
Os ataques de outubro de 2023 no sul de Israel causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns. A retaliação de Israel já provocou mais de 61 mil mortos no enclave.
A opinião pública israelita está alarmada com o destino dos 49 reféns ainda retidos em Gaza - 27 dos quais foram declarados mortos pelo exército --- enquanto, internacionalmente, se levantam cada vez mais vozes sobre o sofrimento de mais de dois milhões de palestinianos amontoados num território devastado, ameaçado por "fome generalizada", segundo a ONU.
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