O governo "cometeu um pecado grave ao tomar uma decisão que priva o Líbano da arma da resistência contra o inimigo israelita", afirmou o movimento xiita pró-iraniano num comunicado, acrescentando que vai atuar como se a decisão "não existisse".
O anúncio de terça-feira do executivo, que estipula o desarmamento do Hezbollah até ao final de 2025, define que o exército libanês "tem a tarefa de desenvolver um plano de implementação para a retirada de armas antes do final do ano e submetê-lo ao Conselho de Ministros para discussão até 31 de agosto", de acordo com o primeiro-ministro libanês, Nawaf Salam.
O movimento xiita argumenta que esta decisão "mina a soberania do Líbano" e dá "liberdade a Israel".
Durante uma conferência de imprensa, Salam adiantou que o executivo libanês voltará a reunir-se na quinta-feira para dar continuidade às discussões sobre o plano proposto pelos Estados Unidos para o desarmamento do Hezbollah, que esteve envolvido num conflito aberto com Israel durante mais de um ano até novembro passado.
No rescaldo da reunião, ainda na terça-feira, o líder do Hezbollah, Naim Qassem, rejeitou prontamente a decisão do governo, alegando que o grupo xiita não iria entregar as armas enquanto Israel não suspendesse os ataques ao Líbano.
"Nenhum calendário que se supõe ser implementado sob o fogo da agressão israelita pode ser aceite", declarou Qassem num discurso televisivo, no qual exortou o Estado libanês a "desenvolver planos para lidar com a pressão" e a não "privar a resistência [Hezbollah] das suas capacidades e força".
O Hezbollah começou a lançar projéteis contra Israel no dia seguinte aos ataques do seu aliado palestiniano Hamas em território israelita, em 07 de outubro de 2023, que provocaram a guerra em curso na Faixa de Gaza.
Os dois movimentos integram o chamado eixo da resistência patrocinado pelo Irão, que inclui também os Huthis do Iémen.
Após a guerra do ano passado, o Estado libanês procura limitar a posse de armas exclusivamente às forças de segurança oficiais, mas até agora tem favorecido a rendição voluntária do Hezbollah para evitar a eclosão de potenciais conflitos internos.
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