O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou à imprensa que vai conversar na próxima quarta-feira com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, o que "oficializa o interesse em dialogar".
A conversa entre Fernando Haddad e Scott Bessent vai ser virtual, mas poderá evoluir para um encontro presencial a depender do diálogo.
"Dependendo da qualidade da conversa, poderá ser desenvolvida (posteriormente) uma reunião de trabalho presencial com o objetivo de chegar a um entendimento entre os dois países", assegurou o ministro brasileiro.
Por outro lado, Fernando Haddad declarou que o pacote de medidas para apoiar as empresas afetadas estará pronto hoje e que vai ser enviado para a Casa Civil e Planalto, embora o anúncio seja feito pelo chefe de Estado, Luiz Inácio Lula da Silva.
"É um plano muito detalhado para começar a atender, sobretudo, os pequenos empresários que não têm alternativas à exportação para os EUA", disse.
Esta medida vai incluir linhas de crédito mais acessíveis e o aumento de compras do Governo para setores que serão prejudicados, confirmou o ministro.
A taxa, assinada na semana passada pelo Presidente Trump, afeta 36% das importações provenientes do Brasil e aplica-se a uma variedade de produtos que vão desde a carne bovina ao café.
Ao mesmo tempo, Trump excluiu da tarifa de 50% uma lista de quase 700 produtos que representam 45% das importações provenientes do Brasil e aos quais continuará a ser aplicada a tarifa mínima de 10% anunciada em abril para a maioria dos países.
Outros 19% das importações, como é o caso do aço e dos veículos, enfrentam tarifas setoriais.
A entrada em vigor das tarifas de 50% ocorre quando se verifica uma escalada de tensões em torno do julgamento do ex-Presidente Jair Bolsonaro por uma suposta tentativa de golpe de Estado, uma das motivações citadas pelo Presidente do EUA, Donald Trump, aliado do líder ultraconservador, para impor a tarifa.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que foi sancionado pelo Governo dos EUA sob a acusação de violação dos direitos humanos, decretou na segunda-feira a prisão domiciliária de Bolsonaro, considerando que este não cumpriu as medidas cautelares previamente definidas.
A prisão domiciliária foi duramente criticada pela extrema-direita e pelo deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-Presidente, afirmou na terça-feira que esperava novas sanções de Trump às autoridades brasileiras.
Lula da Silva e o seu Governo continuam a negociar com Washington, mas garantem que a soberania do país e a independência dos tribunais são inegociáveis.
"A nossa democracia está a ser questionada, a nossa soberania está a ser atacada, a nossa economia está a ser agredida. Este é um desafio que nos não pedimos e que não desejamos", disse o chefe de Estado brasileiro.
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