De acordo com a imprensa local, o Arcebispo da Igreja da Nigéria (como é conhecida a Igreja Anglicana no país), Henry Ndukuba, afirmou numa conferência realizada na terça-feira, na capital Abuja, que a escolha de uma mulher lésbica contradiz os ensinamentos da Bíblia.
Ndukuba rejeitou "a ação dos revisionistas da Igreja Ocidental do Reino Unido, concretamente da Igreja do País de Gales", acusando-os de não recuarem na sua "agenda maligna", mas de a intensificarem.
"A eleição de uma mulher lésbica não tem origem numa missão (...) Rejeitamos a eleição da reverenda Cherry Vann como arcebispa do País de Gales" e "rompemos todos os laços e relações com a Igreja do País de Gales", afirmou o líder religioso.
Congratulations to Bishop Cherry Vann, Bishop of Monmouth, who has just been elected to be the new Archbishop of Wales! Bishop Cherry will be enthroned as the 15th Archbishop of Wales in Newport Cathedral in the coming months.
— The Church in Wales | Yr Eglwys yng Nghymru (@ChurchinWales) July 30, 2025
Llongyfarchiadau i Esgob Cherry Vann, Esgob Mynwy,… pic.twitter.com/d6O1cVz6ya
Contudo, Ndukuba demonstrou apoio aos setores conservadores do anglicanismo galês através da Conferência Global do Futuro Anglicano (GAFCON, na sigla em inglês), um encontro de líderes e bispos anglicanos conservadores realizado de cinco em cinco anos.
Vann tornou-se, em 30 de julho, na primeira mulher a ocupar o cargo de arcebispa no Reino Unido, marcando um novo avanço para as mulheres e para a comunidade LGBTI (lésbicas, gays, transgénero, bissexuais e intersexo) na Igreja anglicana.
Ainda assim, as divisões no seio desta confissão --- na qual as mulheres podem exercer o sacerdócio há pouco mais de três décadas --- tornaram-se visíveis nos últimos tempos.
Em abril de 2023, mais de 1.300 líderes anglicanos reunidos no Ruanda para a GAFCON manifestaram a sua oposição a uma moção aprovada em fevereiro desse ano pelo Sínodo Geral, que permite abençoar casais homossexuais casados ou unidos em cerimónias civis, embora sem celebrar os seus casamentos.
Os setores mais conservadores de várias correntes cristãs têm vindo a ganhar força nos últimos anos em África, onde tem aumentado o discurso e a implementação de leis anti-LGBTI.
O continente africano alberga mais de 30 dos mais de 60 países no mundo que criminalizam relações entre pessoas do mesmo sexo.
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