Argélia denuncia acordo sobre isenção de vistos diplomáticos com França

A Argélia acusou hoje França de eximir-se "das suas responsabilidades" na nova crise bilateral e denunciou o acordo sobre a isenção de vistos para titulares de passaportes diplomáticos e de serviço, cuja suspensão Paris anunciou na quarta-feira.

Bandeira da Argélia

© iStock

Lusa
07/08/2025 18:18 ‧ há 3 horas por Lusa

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Argélia

Uma carta conhecida na quarta-feira, na qual o presidente francês, Emmanuel Macron, pede a suspensão do acordo relativo à isenção de vistos, "isenta a França de todas as suas responsabilidades e atribui toda a culpa à parte argelina", segundo Argel.

 

"Nada está mais longe da verdade e da realidade", frisou o Ministério dos Negócios Estrangeiros argelino, num comunicado oficial.

Argel garantiu que "não cederá às pressões nem às ameaças" da França e assegurou que responderá de forma recíproca com diplomata franceses, uma decisão que, sublinhou o ministério, notificará Macron por via diplomática e "sem demora".

"Os vistos concedidos aos titulares franceses de passaportes diplomáticos e de serviço estarão sujeitos às mesmas condições impostas pela França aos seus homólogos argelinos", afirmou o executivo argelino.

As relações entre Paris e Argel atravessam, desde o verão de 2024, uma crise sem precedentes após o reconhecimento pela França de um plano de autonomia "sob soberania marroquina" para o Saara Ocidental, território disputado há 50 anos por Marrocos e pelo movimento de libertação Frente Polisário, apoiado pela Argélia.

Desde então, ocorreram vários episódios de tensão agravados pela detenção do escritor argelino-francês Boualem Sansal e, além disso, pela recusa da Argélia em acolher condenados por crimes de terrorismo que já cumpriram a sua pena em França.

As relações entre a França e a Argélia, ex-colónia francesa, passam frequentemente por altos e baixos, em que questões como a migração, a memória da colonização e o peso das comunidades argelinas em território francês continuam a influenciar a dinâmica política bilateral.

Na carta enviada na quarta-feira ao primeiro-ministro francês, François Bayrou, Macron defendeu "maior firmeza" em relação à Argélia, denunciando a sua inflexibilidade na questão migratória e a detenção de dois cidadãos franceses que Paris considera arbitrária.

No que diz respeito ao acordo de isenção de vistos, Argel indicou que "foi a França, e apenas ela, que esteve na origem de tal pedido".

"Ao decidir suspender este acordo, a França oferece à Argélia a oportunidade de anunciar a denúncia pura e simples do mesmo acordo", indicou o comunicado argelino.

Para Argel, desde o início da crise com a França, após a reviravolta sobre o Saara Ocidental, Paris "tem agido através de injunções, ultimatos e intimações".

Na missiva conhecida na quarta-feira, Macron também pede ao Governo francês que utilize a ferramenta "visto-readmissão", que permite suspender a emissão de vistos de longa duração a cidadãos de um país cujas autoridades cooperam "insuficientemente" para readmitir os seus nacionais em situação irregular.

Macron justificou a pressão sobre Argel pela situação de Sansal, condenado a cinco anos de prisão por "atentado à unidade nacional", e do jornalista francês Christophe Gleizes, sentenciado a sete anos de prisão por "apologia ao terrorismo".

Macron garantiu, no entanto, que o seu objetivo "continua a ser restabelecer relações eficazes e ambiciosas com a Argélia".

Hoje, Bayrou declarou que a França "não está num espírito de confronto perpétuo" com Argel e espera "restabelecer um dia relações equilibradas e justas".

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