Os parlamentares, que no dia anterior taparam a boca com fita adesiva em referência a uma suposta censura, pernoitaram no Congresso e hoje acorrentara-se à mesa do presidente da Câmara dos Deputados, de forma a impedir o início de sessões parlamentares.
Durante a tarde foi realizada uma reunião entre os líderes parlamentares sobre a situação, mas o impasse continua.
"Não dá para achar isso normal, de querer parar a atividade parlamentar à força. Foi uma chantagem. É preciso restabelecer o trabalho legislativo", disse o líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara, Lindbergh Farias.
Entretanto, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, marcou uma sessão do Plenário para as 20h30 locais (00h30), de forma presencial, de acordo com a Agência Câmara de Notícias.
No caso do Senado, o presidente Davi Alcolumbre determinou que a sessão de quinta-feira de manhã "seja realizada temporariamente em sistema remoto" e endureceu o discurso: "Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à Presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem desestabilizar seu funcionamento".
De acordo com o portal G1, qualquer tentativa de impedir o acesso resultará em suspensão do parlamentar envolvido e, caso seja necessário, a Polícia Legislativa será acionada.
O boicote é liderado pelos membros do Partido Liberal (PL), formação liderada por Jair Bolsonaro, em resposta à decisão tomada na segunda-feira, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), de ordenar a prisão domiciliária do ex-Presidente no processo em que é acusado de tentativa de golpe de Estado.
A decisão do STF ocorreu após a publicação de uma mensagem de Bolsonaro nas redes sociais dos seus aliados, e da sua leitura durante as marchas que os seus simpatizantes realizaram no domingo, em várias cidades.
O juiz Alexandre de Moraes, instrutor do processo contra Bolsonaro, afirmou que a publicação da mensagem constituiu uma violação das medidas restritivas que impôs ao ex-Presidente no mês passado, e que o impedem de se expressar nas redes sociais.
Os legisladores da oposição condicionam a normalização dos trabalhos no Congresso à votação de uma série de projetos que chamaram de "pacote da paz", entre os quais figura uma amnistia que beneficia todos os condenados ou processados por golpismo.
A amnistia seria destinada às centenas de 'bolsonaristas' já condenados por terem participado nos violentos assaltos às sedes dos três poderes em 08 de janeiro de 2023, quando milhares de radicais tentaram forçar um golpe de Estado.
O ex-Presidente está a ser julgado no Supremo Tribunal Federal num processo em que é acusado de ter liderado uma conspiração para tentar impedir a posse de Lula da Silva, que o derrotou nas eleições de 2022.
O chamado "pacote da paz" também inclui um projeto para destituir Alexandre de Moraes como magistrado do STF e uma emenda constitucional para acabar com o privilégio de jurisdição, para que os legisladores e ex-presidentes sejam julgados por tribunais de primeira instância e não diretamente no Supremo Tribunal Federal, como acontece atualmente.
Pode ver, na galeria acima, imagens do boicote levado a cabo pelos parlamentares 'bolsonaristas'.
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