Um antigo chefe do Shin Bet - Agência de Segurança de Israel - revelou ter assinado uma carta aberta em nome de 550 ex-funcionários da agência, onde pedem um fim da campanha militar israelita na Faixa de Gaza.
Ami Ayalon exerceu o cargo de chefe na Agência de Segurança de Israel e, numa entrevista, citada pelo CBC News, e falando em nome dos signatários da carta, afirmou que o seu país já alcançou o seu objetivo militar, que era desmantelar o Hamas.
Defendeu também que, agora, deve ser feito um acordo para que os reféns - ainda mantidos em cativeiro pelo grupo islamita - possam regressar às suas casas.
"Nós escrevemos a carta pela forma como entendemos a guerra e não por causa do ponto de vista moral. Mas digo a verdade. Pessoalmente, tenho vergonha do que estamos a fazer em Gaza", explicou
A carta, que já foi divulgada nas redes sociais, é endereçada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump e pertence a uma organização chamada Commanders for Isreal's Security.
"É do nosso julgamento profissional que o Hamas não representa mais uma ameaça estratégica para Israel e a nossa experiência diz-nos que Israel tem tudo para lidar com as suas capacidades de terror", salientou.
Ami Ayalon sublinhou também que a única forma de Israel encontrar segurança é aceitar a solução de dois Estados - Israel e Palestina.
"Se queremos derrotar o Hamas temos de derrotar a sua ideologia e a única forma é apresentar uma ideologia melhor, que é apresentar um horizonte político - um Estado ao lado de Israel", afirmou.
Além de Ayalon, a carta foi assinada por o ex-chefe das Forças de Defesa Israelitas, Mossad Tamir, pelos ex-embaixadores israelitas, Matan Vilnai e Jeremy Issacharoff, e ainda pelo ex-comissário da polícia israelita, Assaf Hefetz.
De salientar também que num vídeo, partilhado recentemente nas redes sociais, um outro antigo chefe da Shin Bet referiu que os objetivos do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, são "uma fantasia".
Israeli Security Chiefs Through the Decades “End the war and bring the hostages home!” 🇮🇱🇮🇱
— UnXeptable (@UnxeptableD) August 3, 2025
This is an extraordinary call, unlike anything we've seen in Israel. Almost everyone who was once at the wheel of a major security organization:
Nadav Argaman, Shin Bet Director
Tamir… pic.twitter.com/JCCgMD6XHj
Porque é que a carta é endereçada a Trump?
"É uma crise regional com impacto internacional e acreditamos que a comunidade internacional deve interferir", explicou Ayalon sobre o porquê de a carta ser dirigida ao presidente norte-americano e não a Benjamin Netanyahu.
E referiu: "Eu não sou psicólogo e não pretendo entender o comportamento de Donald Trump. No entanto, por aquilo que percebo, ele foi eleito para acabar com as guerras e não para as começar".
Acabar com crise humanitária em Gaza? "É o Hamas render-se", diz Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu hoje que "a forma mais rápida" para acabar com a grave crise humanitária em Gaza passa pela rendição do grupo extremista palestiniano Hamas e pelo regresso de reféns israelitas.
"A forma mais rápida de pôr fim à crise humanitária em Gaza é o Hamas render-se e libertar os reféns", escreveu o presidente norte-americano, numa mensagem na sua plataforma Truth Social.
Note-se que o presidente dos Estados Unidos já tinha manifestado a necessidade de colocar um fim ao conflito em Gaza, e Washington disponibilizou-se para mediar negociações indiretas em Doha entre o Hamas e o Governo do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.
Leia Também: Hamas avisa Netanyahu de "preço elevado" se expandir ofensiva em Gaza